Título: Oposição vai pedir cassação amanhã
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/09/2005, Nacional, p. A6

Os partidos de oposição não aceitaram as explicações do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e abriram guerra contra ele na Casa. Os oposicionistas vão adotar uma estratégia para evitar que Severino presida as sessões e vão pedir formalmente amanhã a cassação dele ao Conselho de Ética. Para a oposição, Severino partiu para o confronto com as declarações feitas ontem, em entrevista, e com a negativa de ceder às pressões para se afastar do cargo. Os deputados prevêem tumulto e agressões verbais no plenário, se o pepebista mantiver a disposição de presidir a sessão de julgamento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), marcada para quarta-feira.

"Está criado o impasse e vai haver um clima negativo para a Câmara", afirmou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Para ele, não haverá condições para votações, porque a oposição também não vai refluir da decisão de pedir a cassação de Severino. "Vai ser uma guerra mantida por um homem insensato que só está pensando nele e não no Congresso", afirmou o líder da oposição, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA). "As declarações dele foram uma tentativa de empulhar a sociedade brasileira para se manter no cargo a qualquer custo. Não convenceu ninguém", prosseguiu Aleluia.

"É uma situação extremamente constrangedora. Ser presidido por ele não dá, vamos discutir para saber o que fazer", disse o líder do PSDB,Alberto Goldman (SP). Já o PPS defende a obstrução para impedir que Severino sente na cadeira de presidente. "Obstruir é praticamente um dever de todos, não apenas da oposição", disse o deputado Raul Jungman (PPS-PE). Do lado governista, a situação também não é confortável, já que Severino é um aliado de Lula. O líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), afirmou que o Congresso está "à beira de uma crise institucional que envolve a paralisia do parlamento". E negou proteção do governo a Severino. "O governo não interferirá nesse assunto", afirmou