Título: Skaf reclama de redução da taxa para importação
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Economia & Negócios, p. B5

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, manifestou ontem ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a contrariedade da indústria paulista com a proposta de reduzir de 35% para 10,5% a tarifa máxima de importação. A proposta do Ministério da Fazenda é vista com restrições também pelos Ministérios do Desenvolvimento e das Relações Exteriores. 'Não podemos sair por aí anunciando a intenção de baixar alíquotas. Caso contrário, no momento de sentar com os europeus para negociar vantagens para outros setores brasileiros, para buscar o equilíbrio para o interesse maior do País, eles não vão facilitar nada.

Qualquer facilidade que se pretenda ter em relação às alíquotas consolidadas, precisa ser feita de forma estratégica, de forma que a gente tire algum proveito', disse Skaf, depois da reunião com Palocci.

'O Brasil não pode dar nada sem receber algo em troca. Seria uma total falta de responsabilidade.' Palocci, segundo Skaf, disse que não há ainda decisão de governo sobre a redução das alíquotas.

Explicou que o documento elaborado pela área técnica do ministério é apenas um ponto de partida para a discussão. Prometeu discutir o tema com os empresários e assegurou que nenhuma medida será adotada sem que os países desenvolvidos dêem alguma compensação significativa ao Brasil. Além disso, lembrou, o assunto tem de ser discutido com os sócios do Mercosul.

Para Skaf, alguma redução nas tarifas de importação pode ser aceita pelo empresariado, mas, antes, é preciso analisar o tema para verificar que impacto terá nos diferentes setores.

'Isso merece um estudo analítico, científico, feito setor a setor, de modo que qualquer redução seja feita dentro de níveis suportáveis e responsáveis.'

O Ministério da Fazenda não tem se pronunciado sobre o tema. Nesta semana, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que há mais de uma proposta no governo. Elas devem ser reunidas em uma única proposta para as negociações brasileiras na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Furlan afirmou que uma eventual redução de alíquotas será gradual, ao longo de 10 anos e 'não ocorrerá sem uma concessão consistente por parte dos países nos quais o Brasil e o Mercosul têm interesse'.

De acordo com Skaf, uma eventual redução nas alíquotas de importação não é a saída para reduzir a elevada taxa de juros da economia brasileira. O Brasil, diz, não tem pressão inflacionária, a economia está desaquecida e, por isso, a taxa Selic pode ser reduzida. 'Pagar R$ 150 bilhões de juros este ano é um absurdo. O juro precisa baixar. E pronto.'