Título: Analistas apostam em queda de 0,25% da Selic
Autor: Francisco Carlos e Assis e Célia Froufe
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

Pela primeira vez, em mais de um ano, a aposta majoritária dos analistas do mercado financeiro é de que a Selic será reduzida na reunião do Copom em setembro. De um total de 52 instituições consultadas pela Agência Estado, 50 esperam a queda. As duas restantes acreditam que a taxa permanecerá em 19,75% ao ano. A pesquisa foi realizada antes do anúncio de reajuste dos preços dos combustíveis. Os analistas são unânimes, porém, na percepção de que o conservadorismo será mantido na tomada de decisão. Isso fica claro pelo número das apostas na taxa mínima de corte: a maioria, 37 instituições, acreditam em redução de 0,25 ponto porcentual; 13 prevêem corte de 0,50 ponto porcentual. E todos concordam, ainda, que o cenário inflacionário já credencia um corte maior da taxa de juros em setembro.

Nem mesmo a queda da produção industrial em julho, de 2,5%, além da esperada pelo mercado, deve estimular os membros do comitê a promover um corte mais profundo da taxa de juros. 'A produção industrial surpreendeu, mas parece que em julho houve uma desova do que foi estocado em maio.

Isso não implica reversão da produção industrial, que deverá fechar o ano com crescimento de 4,5%', afirma o economista-chefe da SulAmérica de Investimentos, Newton Camargo Rosa. Ele trabalha com uma queda de 0,25 ponto porcentual da Selic, embora afirme haver espaço suficiente para um corte de 0,50 ponto.

As pressões com as quais os diretores do Copom deverão se deparar na avaliação geral que fazem do cenário macroeconômico antes de uma tomada de decisão em relação à taxa de juros, de acordo com os analistas, vêm da alta do preço do petróleo no mercado internacional e, internamente, dos eventuais desdobramentos da crise política sobre a economia.

No caso do petróleo, a avaliação dos analistas é de que a crise já tem 2 anos e que a produção global não é mais tão intensiva em petróleo como era há 10 anos porque hoje há outras fontes de energia.

'Não dá para negar que o discurso deste Banco Central tem sido de muita coerência. Por isso, pelo histórico da autoridade monetária, esperamos um corte inicial de 0,25 ponto porcentual da Selic agora em setembro', prevê a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi. Para ela, a partir de outubro, a incisão na taxa Selic passará a ser mais profunda.

Entre os que esperam queda de 0,50 ponto, está o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi. De acordo com ele, 'a taxa está alta e não há motivos para o BC ser cauteloso'.

Mesmo uma redução de meio ponto, diz, não amenizará muito a taxa de juro real.

O economista-chefe do Banco Itaú, Alexandre de Ázara, acredita que a taxa não será alterada. Para ele, os destaques da ata do Copom de agosto são os trechos em que os diretores do BC citaram a forte atividade do País e a que explicitou que a melhora da inflação tem ocorrido no curto prazo.