Título: Nonô, segundo na hierarquia, é feroz opositor do governo
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A4

A idéia de que o deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL) assuma a presidência da Câmara causa arrepios no Planalto. Não sem motivo: famoso por frases ferinas e por ser opositor ferrenho do PT e do governo, Nonô já chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 'máquina de dizer bobagens'. Deputado federal há 22 anos e, ao contrário de alguns colegas, freqüentador assíduo do local de trabalho - este ano só teve 2% de faltas em sessões da Câmara -, Nonô conhece bem o Congresso. Entre os seus seis colegas da Mesa Diretora da Casa, apenas ele e o primeiro-secretário da Mesa, Inocêncio Oliveira (PL-PE), aparecem entre os 100 parlamentares mais influentes na lista feita pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

A experiência na Casa fez Nonô tentar controlar um pouco as ações do presidente, Severino Cavalcanti (PP-PE). Antes de Severino tornar-se ardoroso defensor do governo Lula, Nonô o defendia e elogiava por ser 'independente'. Chegou a classificá-lo de 'uma força da natureza', dizendo que o presidente da Casa tinha um coração e também uma boca enormes.

Alagoano, 58 anos, advogado, Nonô foi promotor de Justiça e procurador do Estado de Alagoas antes de se candidatar a deputado pela primeira vez em 1983, na época pelo PDS.

Desde então, nunca mais saiu da Câmara, mas trocou de partido algumas vezes. Começou pelo PDS, mas antes de terminar o primeiro mandato mudou para o PFL. Depois, em 1991, foi para o PMDB. Em 1996, para o PSDB. Três anos depois, voltou para o PFL, onde está até hoje. Nonô tem em seu currículo algumas estréias.

Foi o primeiro presidente do Conselho de Ética da Câmara, criado em 2001, e também o primeiro líder da minoria, cargo criado no ano passado pela oposição.

Na eleição para a 1ª vice-presidência da Câmara, foi indicado pelo PFL contra a vontade de Inocêncio, na época seu colega de PFL, que queria o lugar.

Agora, Nonô pode ter outra novidade em seu currículo: assumir a presidência da Casa como substituto de um presidente que foi forçado a renunciar.