Título: Na conversa com corregedor, nada sobre renúncia
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A4

Numa longa conversa por telefone com seu aliado, o corregedor-geral da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), o presidente da Casa, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), assegurou que vai esclarecer, ponto por ponto, a denúncia de que teria recebido propina do concessionário do restaurante que opera num anexo da Câmara. Severino deverá dar uma entrevista coletiva amanhã, um dia após desembarcar em Brasília, após sua estada de alguns dias em Nova York.

Na conversa com Nogueira, de quem é uma espécie de padrinho política, Severino não deu sinais de que pretenda licenciar-se. 'Ele não me sinalizou nada que leve a pensar isso, não', relatou o corregedor, animado pelo teor da conversa. 'Afastar-se ou renunciar é uma decisão pessoal do presidente.

Eu não vou interferir', declarou Nogueira, que chegou a ser indicado por Severino para o cargo de ministro das Comunicações do governo Lula mas acabou não sendo nomeado.

Diante da insistência dos jornalistas, Nogueira repetiu a mesma explicação com mais ênfase: 'Ele não me disse que iria renunciar. Disse que vai rebater as acusações e que é inocente'.

Quando um jornalista indagou se a permanência de Severino na presidência da Câmara teria ficado insustentável, o corregedor afirmou tratar-se de uma situação 'desconfortável', até que a denúncia do empresário Sebastião Buani seja investigada a fundo.

Nogueira confirmou que o presidente da Câmara será ouvido na corregedoria, assim como todas as pessoas que o estão acusando, 'para que se esclareça o mais rapidamente possível essas denúncias, que são tão grave'.

Segundo avaliação do corregedor, o ideal será ouvir Severino no momento em que chegar à corregedoria uma cópia do cheque com o qual Buani afirma ter pago uma das parcelas da propina que teria sido exigida por Severino em troca do direito de continuar explorando o restaurante Fiorella e lanchonetes da Câmara.