Título: Um dia em Nova York para Severino nunca esquecer
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A6

DESPEDIDA : Em seu último dia em Nova York como presidente da Câmara e representante do Congresso na 2.ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, Severino Cavalcanti teve tratamento de autoridade, mas enfrentou percalços. No fim do dia, com o atraso do vôo da Varig em que ele voltaria ao Brasil, assessores da Câmara e diplomatas brasileiros não sabiam o que fazer com ele. Por benevolência do Park Lane Hotel, ele pôde descansar à tarde sem pagar mais uma diária, mesmo depois de ter feito o check-out do apartamento 3412, que ocupou desde terça-feira. Mas depois, teve de ser levado para a casa de uma conselheira da missão do Brasil na ONU, enquanto esperava a confirmação do embarque.

O dia de Severino começou com um café-da-manhã na Americas Society, onde ele garantiu, a 30 diretores de bancos e empresários, a estabilidade da economia brasileira. Circulando num Chrysler 300 bege, alugado pela missão do Brasil na ONU - portando uma plaquinha em português com a inscrição 'Câmara dos Deputados' - ele foi para a sede da ONU antecipando que iria 'falar grosso' no discurso que lá faria.

Em Nova York, Severino ingressou no mundo das grandes personalidades internacionais. Primeiro, ocupou a tribuna da ONU; depois, recebeu cobertura da imprensa internacional. Ontem cedo, um fotógrafo da Agência France Press (AFP) o acompanhou em todos os passos.

Perguntado pelos jornalistas brasileiros, explicou que tinha de fotografar Severino para uma pauta 'sobre corrupção'.

Severino se apresentou muito pálido e com uma aparência cansada na entrevista em que explicou a antecipação da sua volta ao Brasil. Depois foi almoçar com a mulher e três assessores no restaurante Tuscan, da Rua 51, no centro de Manhattan. Às 15 horas voltou ao hotel e descansou por duas horas.

O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Sardenberg, foi se despedir dele no hotel porque os assessores de Severino desaconselharam a ida dele a um coquetel em sua homenagem, marcado desde antes do escândalo do mensalinho para a casa do diplomata.