Título: Briga pela sucessão toma Câmara
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A7

Mesmo considerando insustentável a permanência de Severino Cavalcanti na presidência da Câmara, os líderes aliados falavam ontem em agir com cautela. Querem evitar o que, na prática, já começou - o clima de disputa entre oposição e governistas, que poderá ampliar a crise e dificultar ainda mais a escolha de um nome representativo e consensual para substituir Severino. O PPS e o PDT, por exemplo, radicalizaram o discurso. Não aceitam que prevaleça a regra da proporcionalidade, que dá à maior bancada na Câmara, o PT, o direito de indicar o novo presidente. 'Pode ser de qualquer partido, menos do PT, porque é governo e vai repetir práticas que não queremos aqui', afirmou o líder do PDT, Severiano Alves (BA).

A oposição faz restrições ao líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), pela ligação com o Planalto. O mesmo argumento é usado para rejeitar os ex-ministros Aldo Rebelo (PC do B-SP), da Articulação Política, e Eduardo Campos (PSB-PE), de Ciência e Tecnologia. José Eduardo Cardozo (PTSP) é a opção de parte da oposição, mas seu nome enfrenta entraves em seu próprio partido, sobretudo no grupo paulista.

Se prevalecer a tese da proporcionalidade, outros petistas cogitados são Sigmaringa Seixas (DF), que já foi do PSDB e mantém amigos naquela bancada, e Paulo Delgado (MG).

No caso de os partidos irem para a disputa em plenário, o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), corre por fora, mas sem apoio na bancada.

Em meio ao clima de vetos a nomes, alguns deputados acreditam que a melhor solução é que cada partido leve à mesa de negociação seus nomes, para tentar chegar a um acordo.