Título: Oposição ameaça boicotar sessões
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A7

Os partidos de oposição não admitem que o presidente da Câmara, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), presida a sessão de votação da cassação do deputado Roberto Jefferson (PDT-RJ), na quarta-feira. Antes, na terça, dia 13, vão entrar com representação contra o próprio Severino, no Conselho de Ética da Câmara, por falta de decoro parlamentar, por causa das denúncias do empresário Sebastião Augusto Buani de que teria pago propina ao presidente da Câmara. O pedido de cassação de Severino será assinado por cinco partidos políticos: PFL, PSDB, PPS, PV e PDT.

E o texto final do pedido será fechado na manhã de terça-feira. 'Só desistimos da representação se o Severino renunciar a seu mandato de deputado', disse o líder do PDT na Câmara, Severiano Alves (PDT-BA).

Os partidos de oposição não se importam em atrasar a votação do pedido de cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). 'Não faremos a votação da cassação de Jefferson com Severino na presidência', afirmou o líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA). Para ele, não haverá problemas se a votação do pedido de cassação de Jefferson for adiada em uma semana.

Aleluia desconfia que Severino possa conduzir a sessão de forma a inocentar Jefferson, encerrando a votação sem que grande parte dos deputados tenha votado.

Esse procedimento beneficiaria Jefferson, porque para cassar o mandato são necessários 257 votos, a maioria absoluta. 'Isso seria um golpe', afirmou Aleluia.

'Severino vai ter coragem de entrar no plenário?', questionou o pedetista Severiano Alves. Até o deputado Benedito Dias (PP-AP), aliado de Severino, concorda que ele deixe o cargo. 'Para não haver conflito com a casa, seria interessante ele se afastar', afirmou.

Em sua volta de Nova York, Severino encontrará um clima hostil à possibilidade de licenciar-se, conforme disse que faria. Nem o PFL, beneficiado pela licença com a ascensão do vice-presidente, José Thomaz Nonô (PFL-AL), à presidência, aceita o afastamento temporário. 'A saída mais rápida é a renúncia', sugeriu Aleluia.

Também a base aliada do governo não quer saber de licença de Severino. 'A licença é ruim e não é saída para a crise. A melhor solução é a renúncia', comentou o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES).