Título: Na PF, Dirceu agora é investigado
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A12

O deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PTSP) foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento sobre as suas relações com o empresário Marcos Valério de Souza. Com isso, passa a ser formalmente investigado no inquérito que apura o mensalão e o esquema de caixa 2 do PT. Por ser parlamentar, ele tem direito de marcar dia, local e hora do interrogatório. A inclusão de Dirceu no rol de investigados foi feita pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando Barros de Souza, e aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Procurado, Dirceu não foi localizado e sua assessoria não quis se manifestar.

Souza verificou que, ao longo de 2003 e 2004, o então ministro teve três reuniões com Valério no Palácio do Planalto e duas em Belo Horizonte, em períodos que coincidem com decisões ligadas ao esquema do PT, como datas de negociação de empréstimos com o Banco Rural.

AVALISTA

O procurador-geral levou em conta também a denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTBRJ) e a confirmação do próprio Valério, à CPI dos Correios e à PF, de que o ex-ministro conhecia o esquema.

A análise do conjunto de depoimentos e documentos convenceu a PF e o Ministério Público de que Dirceu não apenas sabia, como era o principal avalista do caixa 2 do PT e do pagamento de propina a partidos e parlamentares para fortalecer a base aliada do governo.

A PF intimou também Jefferson e o publicitário Duda Mendonça - marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência -, além de oito parlamentares que teriam sacado das contas de Valério, para depoimento na próxima semana.

Entre eles, três são petistas: João Paulo Cunha (SP), Josias Gomes (BA) e Paulo Rocha (PA).

Estão convocados também Bispo Rodrigues (PL-RJ), José Borba (PMDB-PR), José Janene (PPPR), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Vadão Gomes (PP-SP).

João Paulo, Gomes e Bispo Rodrigues deveriam ter sido ouvidos nesta semana, mas evitaram a intimação e não deram retorno aos recados deixados pela PF nos seus gabinetes e endereços conhecidos. A falta de colaboração retardou o calendário de depoimentos e atrapalhou o inquérito, que precisa ser concluído em duas semanas.