Título: Banqueiro vê digital do governo na briga
Autor: Irany Tereza e Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2005, Nacional, p. A16

Segundo assessores, o banqueiro Daniel Dantas está convencido de que foram as pressões do governo brasileiro que levaram o Citibank a destituir o Opportunity da gestão dos seus investimentos no Brasil, e a cerrar fileiras com os fundos de pensão. Para ele, toda esta articulação será comprovada no exame de memorandos e outros documentos do Citibank, no processo judicial que opõe o Opportunity e o banco em Nova York. Em 1997, dois fundos de investimento foram constituídos, tendo como gestor o Opportunity, para participar da privatização. O fundo externo tinha como principal participante o Citi, e o nacional os grandes fundos de pensão de estatais.

Os fundos adquiriram conjuntamente o controle de um grupo de empresas, entre as quais a Brasil Telecom e a Telemig Celular. A Telecom Italia tornou-se sócia da Brasil Telecom mais tarde, sem participar dos fundos.

Nos diversos conflitos entre os sócios daquelas empresas, o Citi sempre foi fiel à aliança com o Opportunity. Em março de 2005, porém, o banco americano mudou de lado, destituindo o grupo de Dantas da gestão do fundo externo. Em outubro de 2003, os fundos já tinham tirado Dantas do fundo nacional.

Dantas não pretende, em princípio, levantar as questões mais polêmicas ligadas ao seu conflituoso relacionamento com os fundos de pensão. Nas suas comunicações com o Citibank, antes do rompimento, porém, Dantas dizia que 'os fundos parecem despreocupados com os seus maus investimentos e sua terrível rentabilidade'.

Para ele, manipulações da Telemar e da Telecom Italia, interessadas em ganhar o controle da Brasil Telecom, estariam por trás das pressões contra o Opportunity. A mudança de posição do Citibank, desta forma, teria sido o resultado de pressões do governo brasileiro, aliadas ao compromisso de que o banco americano seria bem remunerado ao sair do investimento.

Assim, o compromisso de compra pelas fundações da parte do Citi na Brasil Telecom por R$ 1 bilhão seria parte deste acordo. As fundações, porém, sustentam que a operação foi fundamental para evitar as perdas que elas sofreriam caso não se aliassem ao Citibank, e ficassem à mercê das decisões do Opportunity.

Alegam ainda que o preço é equivalente ao que a Telecom Italia ofereceu recentemente pela parte do Opportunity.

A Comissão de Valores Mobiliários está investigando as despesas de publicidade da Telemig Celular, Amazônia Celular, Brasil Telecom e da siderúrgica Usiminas que foram canalizadas para as agências DNA e SMPB.