Título: Rio de Janeiro pode tornar-se produtor de aço n.º 1 do País
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2005, Economia & Negócios, p. B10

RIO - O Estado do Rio de Janeiro caminha para se transformar no principal pólo siderúrgico do País até 2010, ao lado de Minas Gerais, que hoje lidera a produção nacional de aço, com folgada margem. Projeção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que o Rio deverá chegar ao fim da década como responsável por 31,4% de todo o aço produzido no País, com base nos investimentos previstos e, em perspectiva, praticamente empatado com Minas (34,8%). Hoje, a distância entre os dois Estados é grande: a produção mineira representa 37% do total no País e a fluminense, 22,5%, de acordo com o levantamento. Há pelo menos três grandes projetos previstos para o Rio: um, fruto de associação entre a alemã Thyssen Krupp e a Vale do Rio Doce; o novo projeto da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e os da Gerdau, ampliação da controlada Cosigua e a perspectiva de uma nova usina, ao lado da atual.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Maurício Chacur, o Rio tem característica de forte presença do setor de indústria de base, mais reforçada ainda com os projetos em siderurgia e de petroquímica. "Estamos reforçando esta vocação", diz Chacur. O projeto da Thyssen, de US$ 2,2 bilhões, está previsto para o Distrito de Santa Cruz e terá capacidade produtiva para 4,4 milhões de toneladas anuais.

A CSN deve definir, até dezembro, se ampliará a produção em Volta Redonda ou se partirá para a construção de uma nova usina em Itaguaí. A nova usina consumiria investimentos de US$ 2,5 bilhões, para a produção de 5 milhões de toneladas anuais de aço. A construção de um novo alto-forno em Volta Redonda demandaria menos investimentos, de US$ 800 milhões, e capacidade para 2,5 milhões de toneladas anuais. A empresa não comentou o projeto.

Já a Gerdau estuda ampliar a unidade da Cosigua e fazer outra para aços especiais, com capacidade de até 800 mil toneladas, em valores estimados de cerca de US$ 500 milhões. A Gerdau informa que há investimentos em andamento de US$ 1,5 bilhão no País, que serão concluídos até 2007, e outros "US$ 900 milhões em fase de detalhamento". Quanto à usina de aços especiais, informa que "o projeto e o cronograma estão sendo detalhados neste momento".

MERCADO EXTERNO

Na projeção do BNDES para a provável distribuição regional da produção até o fim da década, a estimativa para o Rio leva em conta a capacidade adicional de uma possível expansão em Volta Redonda. Caso a CSN se decida pela nova unidade de Itaguaí, a produção seria maior e o Estado assumiria a liderança na produção no País nos próximos anos.

De forma geral, há um novo ciclo de investimentos no setor no País, afirma o gerente do Departamento de Insumos Básicos do banco, Pedro de Almeida Crossetti.

Uma diferença quanto a ciclos anteriores é que os projetos passam a contemplar o mercado externo. Tanto os projetos da CSN quando os da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), fruto da associação da Thyssen com a Vale, têm enfoque nas exportações.

Atualmente, a carteira total do BNDES engloba investimentos no setor siderúrgico em torno de R$ 23,3 bilhões, desde os que estão em perspectiva até os contratados, dos quais R$ 8,5 bilhões poderão ser financiados pelo banco. Dos investimentos potenciais, R$ 15,3 bilhões estão em perspectiva, R$ 5,2 bilhões enquadrados ou em análise e R$ 2,8 bilhões aprovados ou contratados.