Título: Lula tenta levar ministros às urnas e acordar militância
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2005, Nacional, p. A7

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou aos ministros e assessores petistas que participem do processo de votação que escolherá o novo presidente do PT hoje. O presidente disse a assessores que quer acordar a militância e deverá votar hoje para estimular o aumento de quórum. Lula defende a candidatura do ex-ministro Ricardo Berzoini no Processo de Eleições Diretas (PED), pelo Campo Majoritário, grupo que controla o PT. Integrante do Campo, também votará na chapa dos aliados para o Diretório Nacional do partido. Na avaliação dos coordenadores do grupo, seu desempenho será melhor quanto maior for o quórum.

A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que pretendia ir a Porto Alegre para participar das eleições, optou por permanecer em Brasília no fim de semana, mas não deixará de votar. "Voto no Berzoini", declarou ela.

Dilma faz elogios e torce por Berzoini, mas não acha que uma boa relação do governo com o partido se atrele a sua eventual vitória: "Qualquer companheiro que ganhe vai representar uma vitória justa e correta. O processo no PT é democrático".

Sobre a possibilidade de o governo enfrentar problemas com a eventual eleição de candidatos mais radicais, em especial aqueles que cobram mudanças na política econômica, Dilma declarou: "Não acho que haja ameaça com qualquer outro candidato".

COMPROMISSO

O presidente desistiu de votar em Brasília e preferiu passar o fim de semana em São Bernardo do Campo, em São Paulo, onde poderá votar, porque lá está sua filiação original ao PT.

Berzoini acredita que a presença de Lula na votação representará "um simbolismo muito grande, além de revelar um compromisso dele com o partido que ajudou a fundar". O ex-ministro acha que essa sinalização do presidente é importante porque ajudará a "sacudir" a militância, que anda desmotivada, incentivando-a a comparecer às urnas. No entender de Berzoini, o exemplo de Lula certamente aumentará o quórum da votação.

A partir do momento em que as denúncias tomaram conta do partido, com ataques seguidos ao ex-presidente José Genoino, ao ex-ministro José Dirceu, ao ex-tesoureiro Delúbio Soares e ao ex-secretário-geral Silvio Pereira, o presidente Lula ficou preocupado com o futuro do partido e retirou colaboradores do primeiro escalão para reerguer o partido.

Depois de ter atuado na tentativa de ajudar o partido a se reerguer, nos últimos dias o presidente tem, no entanto, procurado manter uma posição mais distanciada da crise interna do PT. A idéia é impedir que os problemas do partido ajudem a desgastar ainda mais a imagem do governo.

O ex-ministro e atual presidente interino do PT, Tarso Genro, já fez chegar ao presidente Lula a sua disposição de transmitir imediatamente o cargo ao seu sucessor, se o processo for decidido em primeiro turno. Se isso acontecer Tarso pretende fazer uma reunião da Executiva Nacional do partido na segunda-feira e transmitir o cargo ao novo presidente.