Título: Esquerda prega união contra o Campo Majoritário no 2º turno
Autor: Adriana M, Sandra Hahn, Ana Paula R. e Fabíola G.
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2005, Nacional, p. A6

Candidatos da esquerda do PT foram às urnas ontem certos de que a disputa vai para o segundo turno, marcado para 9 de outubro. Eles pregaram a união contra o Campo Majoritário, que foi duramente criticado. Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, defendeu a renovação no partido. "O Campo Majoritário acabou. Vai passar por uma metamorfose. A nova direção tem que contar com representação de todas as forças do PT", disse ele, em Campinas (SP). "Várias lideranças do Campo estão sob forte acusação, eles trocaram de candidato a presidente três vezes em seis meses e, portanto, não continuarão (no comando do partido)." Segundo Pomar, qualquer que seja o candidato que dispute o segundo turno com Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, terá o seu apoio. "Permanecerei no PT qualquer que seja o resultado das eleições. Não se troca de partido como se troca de camisa quando ela está rasgada, quando o sapato está apertado."

Na avaliação do candidato da Articulação de Esquerda, o quórum nas eleições internas superou as expectativas. "Foi um tapa na cara de quem achava que o PT teria eleições esvaziadas", destacou.

Em Porto Alegre, o ex-prefeito Raul Pont, candidato da Democracia Socialista, disse estar confiante na possibilidade de chegar ao segundo turno, quando os concorrentes da oposição farão um acordo de apoio recíproco. "Queremos um congresso partidário imediato, até dezembro ou no máximo janeiro", afirmou Pont. "O hegemonismo do atual Campo Majoritário acabou com o diretório do ponto de vista de ser a instância produtora coletiva de diretrizes para o partido."

Pont votou por volta do meio-dia no diretório municipal do PT em Porto Alegre. A também candidata à presidência nacional do PT Maria do Rosário acompanhou seu voto, como ele fizera antes no momento da votação da adversária. Ela, que integra o Movimento PT, acredita que o partido sairá mais democrático da eleição interna. "Somente este partido tem este processo que chama suas próprias bases a decidir o futuro."

Para Maria do Rosário, a dificuldade que o Campo Majoritário teve em definir seu candidato pode revelar que ele "não tem mais condições de dirigir o PT".

"LAMBANÇA"

O advogado Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência do PT pela Ação Popular Socialista, também pregou a união dos candidatos contrários ao Campo Majoritário num eventual segundo turno. "Para ver se conseguimos limpar do PT as pessoas que fizeram essa lambança", disse. Plínio votou por volta do meio-dia no diretório do Jardim Paulista, zona sul de São Paulo, acompanhado do deputado Ivan Valente (SP). Momentos depois, recebeu o apoio do senador Eduardo Suplicy (SP).

"Este PED (Processo de Eleições Diretas) é um teste. Vamos verificar se existe ainda no PT energias socialistas. Se existirem, ficaremos no partido. Se percebermos que o instrumento foi totalmente deteriorado, não há razão para permanecer", disse Plínio, que trocou o vermelho do PT pelo preto. "O luto representa a tristeza de, depois de 25 anos no partido, eu ter de aparecer justificando coisas injustificáveis. Coisas que não fazem parte de nenhuma maneira da imensa maioria dos petistas, que não têm nada que ver conosco."

O candidato Markus Sokol, da corrente O Trabalho, também votou em São Paulo e disse ter estranhado a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições internas do PT.