Título: CPIs recorrem a auditoria financeira
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2005, Nacional, p. A10

BRASÍLIA - A três meses do fim da CPI dos Correios, os integrantes da comissão resolveram contratar empresas de auditoria externa para ajudar no cruzamento dos dados com a movimentação financeira do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Relatório parcial apresentado na semana passada pela CPI apontou que, nos últimos cinco anos, oito empresas de Marcos Valério movimentaram R$ 4,9 bilhões. Também será contratada auditoria para analisar as aplicações feitas pelos fundos de pensão de empresas estatais no Banco Rural e no BMG e os contratos firmados pelas empresas de Marcos Valério com empresas privadas. As agendas desta semana das três comissões parlamentares de inquérito estão cheias. Na quarta-feira, a CPI dos Correios e a do Mensalão ouvem em conjunto o depoimento do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.

Controlador das empresas Telemig Celular, Amazônia Celular e Brasil Telecom, ele será interrogado sobre repasses de R$ 145 milhões para as contas das empresas DNA e SMP&B, agências de publicidade de Marcos Valério. Os parlamentares também querem esmiuçar as relações do banqueiro com os fundos de pensão.

"Vamos explorar ao máximo a disputa que o Daniel Dantas travou com segmentos do PT em relação aos fundos de pensão e a relação que ele pode ter mantido com o filho do presidente Lula", afirmou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Há informações de que o banqueiro teria pago as despesas da viagem ao Japão de Fábio Lula da Silva, filho do presidente da República. "O Daniel Dantas terá de explicar porque contratou as empresas de Marcos Valério e se isso foi feito como uma forma de repassar dinheiro para o governo", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator da CPI dos Correios.

DOLEIRO

Amanhã, as três CPIs vão ouvir o depoimento do doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona. Há cerca de um mês, o doleiro deu um depoimento, em São Paulo, quando afirmou saber de operações financeiras suspeitas que teriam sido realizadas pelo ex-ministro José Dirceu (PT-SP), pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo líder do PP na Câmara, José Janene (PR).

A CPI dos Bingos ouve, na quarta-feira, o ex-deputado Carlos Rodrigues, que renunciou ao mandato de deputado federal na semana passada, e Jorge Luiz Dias, servidor da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Na quinta-feira, a CPI ouve o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), sobre as circunstâncias da morte do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, em janeiro de 2002. Greenhalgh foi indicado pelo PT para, como advogado, acompanhar as investigações.

Integrantes da CPI do Mensalão também vão ouvir o depoimento, na terça-feira, do assessor da liderança do PP na Câmara, João Cláudio Genu. Ele foi apontado como sacador de R$ 4,1 milhões das contas das empresas de Marcos Valério, segundo lista divulgada pelo publicitário. Em depoimento na quinta-feira, o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), declarou que o partido havia recebido apenas R$ 700 mil, em 3 parcelas, retiradas das contas do empresário por Genu.