Título: Mãe de Palocci diz que põe 'o corpo no fogo' por filhos
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2005, Nacional, p. A10

RIBEIRÃO PRETO - Sem a presença do filho Antonio Palocci, filiado mais ilustre do PT de Ribeirão Preto, Antonia Palocci, a dona Toninha, roubou a cena nas eleições do partido na cidade do interior paulista, ao fazer uma defesa veemente do ministro da Fazenda e de seu outro filho, Adhemar, diretor de engenharia e planejamento da Eletronorte. "Eu não ponho a mão, ponho o corpo no fogo pelos meus filhos", disse Toninha, ao ser indagada sobre o envolvimento de Antonio e Adhemar em denúncias. O ministro da Fazenda foi citado, por seu ex-assessor Rogério Buratti, como beneficiário de R$ 50 mil mensais quando ainda era prefeito de Ribeirão Preto. O dinheiro seria pago pela empreiteira Leão Leão, uma de suas doadoras de campanha e responsável pela coleta de lixo na cidade do interior paulista. Já Adhemar Palocci foi acusado de intermediar contrato com a seguradora Interbrazil, envolvendo as usinas nucleares de Angra I e II. A empresa fez negócios de R$ 4,6 bilhões com estatais de energia, mesmo com patrimônio de pouco mais de R$ 60 milhões, após ter contribuído com campanhas petistas, entre elas em Goiás, onde Adhemar trabalhou como secretário de finanças na prefeitura de Goiânia.

"Eu conheço os filhos que tenho. Não tenho nem medo quando aparecem essas denúncias. Eu falo: é apenas mais uma", disse Toninha Palocci, antes de votar.

Sem citar diretamente que pode ser vítima de algum tipo de grampo, a mãe do ministro Antonio Palocci reclamou que não pode mais ter conversas pessoais com seu filho, nem por telefone e nem por e-mail, por temer que algumas delas venham a público. "Não posso conversar nada por telefone, teria de ir lá (em Brasília). Tenho medo de falar alguma coisa, porque entre família pode-se falar qualquer coisa, mas a gente tem de ter cuidado. É duro", disse Toninha.

NOTA

Sobre as denúncias feitas por Buratti, ela disse que o ex-assessor do ministro foi coagido para acusar Palocci e fez as denúncias para se defender. "Acho que ele (Buratti) não está errado, porque na hora que está apertado, com uma corda no pescoço, ele vai falar até o que não existe", disse.

Para a mãe do ministro, o PT chega mais maduro no processo de eleição dos diretórios e vai ocorrer uma reviravolta no partido e no governo. Ela, que no ano passado deu nota 5 para o governo federal, afirmou que a nota agora era 8 e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ganhar 10 ao final do governo e será reeleito.

Mesmo sem a presença do ministro, cerca de 850 dos 2.342 filiados ao PT de Ribeirão foram às urnas na cidade do interior paulista.