Título: 'Querem me banir da vida política', diz ex-ministro
Autor: Denise Madueño e Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2005, Nacional, p. A6

O deputado José Dirceu (PT-SP) disse ontem que está em curso uma tentativa de excluí-lo da vida política do País, mas garantiu que continuará brigando pelo mandato e não cometeu crime nenhum: "Não há provas, sou inocente", assegurou o ex-ministro da Casa Civil, em entrevista à rádio CBN. "Querem me banir de novo, me cassar de novo. Agora, querem me banir da vida política do País." Dirceu garantiu que as acusações contra ele têm motivação política. "Visam a me excluir. Primeiro me excluíram do governo, agora da vida política", destacou. "Mas vou continuar fazendo política, ninguém vai me impedir. Tenho certeza de que serei absolvido, porque não há nada contra mim."

Destacando que sua vida "foi devassada" no escândalo Waldomiro Diniz - ex-assessor da Casa Civil flagrado pedindo propina ao empresário Carlos Cachoeira -, o deputado afirmou que já apresentou aos presidentes das CPIs dos Bingos e do Mensalão a sua defesa. "No meu caso não tem prova nem testemunha."

Sobre as irregularidades apuradas no escândalo do mensalão, o ex-ministro repetiu o argumento usado nos últimos dias, que também pretende levar ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso tenha o mandato parlamentar cassado. "Como posso ter quebrado o decoro se tinha um suplente no meu lugar e eu não era deputado?"

ELEIÇÃO DO PT

Dirceu comentou, também, as eleições internas do partido. Afirmou que "o PT não vai acabar, não vai se dividir". Segundo ele, muitos petistas podem abandonar a legenda, mas isso não representa grande ameaça: "Essa eleição é uma prova disso."

A tese do presidente interino do partido, Tarso Genro, não convence Dirceu. "Essas eleições não são uma refundação do PT", ressaltou. Mas admitiu: "O PT vai mudar, se repensar. Muitas lideranças vão deixar as direções, como no meu caso."