Título: Para Tarso, denúncias sobre voto de cabresto são 'exagero'
Autor: Mariana Caetano e Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2005, Nacional, p. A8

O presidente do PT, Tarso Genro, afirmou que há um "exagero" nas informações de que a eleição para renovação das direções do partido foi marcada por voto de cabresto. Irritado com a insistência de perguntas sobre possíveis irregularidades, foi taxativo: disse que o partido não tem curral eleitoral. "Isso é um exagero de pessoas que ou não têm compromisso com o projeto do PT e seu resgate ou torcem para que a eleição do partido não dê certo." Sem esconder a contrariedade, Tarso foi irônico: "Lamentavelmente para essas pessoas a eleição deu certo".

Durante todo o dia, dirigentes petistas insistiram no argumento de que em 2001, na primeira eleição para a escolha das direções, com voto dos filiados, o partido recebeu muito mais denúncias de irregularidades. "Todos os recursos que chegarem aqui serão apurados e julgados", garantiu o presidente do PT. "Não vamos permitir que nada atrapalhe a lisura do pleito", completou o secretário de Mobilização do PT, Francisco Campos, coordenador da eleição.

O candidato da Ação Popular Socialista, Plínio de Arruda Sampaio, disse que as irregularidades foram praticadas tanto por adeptos da candidatura de Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, como de Valter Pomar, da Articulação de Esquerda. "Há denúncias de vários procedimentos, inclusive métodos de filiação em massa. Se isso for comprovado, as duas candidaturas serão a mesma coisa", disse. Plínio destacou que um partido socialista não pode agir dessa forma. "Isso não é problema de partido socialista. É de qualquer eleição democrática", reagiu Tarso.

Apoiador de Plínio, o deputado Ivan Valente (PT-SP) afirmou que houve um "encabrestamento" da militância, principalmente nas periferias, com carregamento de filiados para votação e quitação de mensalidades na última hora. "Foram liberados recibos em massa para que os filiados pudessem votar em determinados candidatos. Isso tinge o processo político. É uma prática que nega a origem histórica do PT e deforma a orientação programática." "Houve compra de votos. Foi uma tentativa de arrebanhamento mesmo", completou o deputado Chico Alencar. (PT-RJ).

Tarso disse que nada ficará sem resposta. Negou, ainda, que haja irregularidades no uso do Fundo Partidário, com pagamento de viagens a pessoas estranhas à direção do PT. "Todas as despesas foram legais. O que temos de verificar é se foram oportunas ou não na época."