Título: Aposentados já percebem que taxa é bem mais alta
Autor: Chico Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

Os aposentados começam a perceber as informações desencontradas nas linhas de financiamentos oferecidas pelos bancos. Uma aposentada de 61 anos, há 12 pensionista do INSS, que prefere não ser identificada, logo detectou a discrepância entre a taxa efetiva cobrada e a anunciada. Sem saber calcular juros compostos e fazendo um simples cálculo aritmético, ela descobriu que o banco informava que a taxa de juros cobrada era de 1% ao mês, mas, a grosso modo, era de 2,6%.

"Faz 20 dias que vi o comercial da atriz Nair Belo na TV anunciando juros de 1% para os aposentados.", diz a pensionista do INSS. Depois, conta ela, o banco entregou na sua casa um anúncio, ratificando a taxa mensal de 1%.

A aposentada conta que recebe mensalmente um benefício de cerca de R$ 1 mil. Queria um empréstimo de R$ 8 mil para quitar a dívida da casa própria. Procurou uma linha de crédito consignado e descobriu que, pelo seu rendimento, poderia levantar um empréstimo de R$ 6,786 mil, financiado por 60 meses e com prestação mensal de R$ 295.

"Fiz as contas e descobri que iria receber R$ 6,786 mil e pagar em 60 meses R$ 17,7 mil", diz a aposentada. Nos seus cálculos, isso significa 160,8% mais por um período de 60 meses ou de 2,68% ao mês, não a taxa de 1% anunciada. "Sei que o cálculo financeiro exato não é esse, mas a minha conta mostra que o juro mensal não é de 1%, como o anunciado."

A aposentada desistiu de pegar uma linha de crédito consignado para quitar a casa própria. "Vou buscar recursos com parentes e amigos", diz. Na sua avaliação, o juro ideal para o crédito consignado a aposentados seria de 1% ao mês. "Se fosse realmente de 1%, estaria correto." Ela argumenta que a taxa não precisa ser alta porque o risco de inadimplência é mínimo.