Título: Para Lacerda, quadrilha cooptou agentes do Rio
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2005, Metrópole, p. C1

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou ontem que o roubo no Rio foi uma ação planejada por um comando de policiais infiltrados, cooptados pela quadrilha internacional de tráfico de drogas, que queriam desmoralizar a PF e desarticular as próximas investigações sobre o bando. Para ele, a superintendência no Rio é a mais problemática do País, sabidamente infiltrada por quadrilhas. ¿Era previsível que algo assim ocorresse.¿ A PF no Rio, disse, passa por correição há quase um ano e os resultados estão prestes a sair. ¿Ao contrário de esmorecer, essa provocação nos dá força para combater os maus policiais.¿

O roubo tornará mais profunda a faxina prevista na corporação. ¿Foi um crime grave, praticado por servidores da PF. Isso confirma o que tenho dito: as polícias têm problemas de corrupção que devem ser combatidos de forma dura.¿ Ele admitiu o prejuízo à boa imagem da PF. Por isso, disse que o principal objetivo não foi o dinheiro, mas desarticular a Operação Caravela.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pediu rigor de Lacerda na apuração. A PF designou uma equipe especial para investigar o crime.

Na PF, há um sentimento generalizado de frustração: o Rio seria o próximo alvo da devassa que foi iniciada em São Paulo, com a demissão do superintendente Francisco Baltazar.

E a segurança virou paranóia: até os repórteres que cobrem o setor agora precisam de escolta para ir ao banheiro.