Título: Nova versão poupa Meirelles e Bastos
Autor: João Domingos e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2005, Nacional, p. A4

Depois de revelar - em depoimento informal a integrantes da CPI dos Correios, no mês passado - que tinha informações sobre remessas de dólares feitas pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ontem o doleiro Toninho da Barcelona poupou e elogiou as duas autoridades. Lembrou que Thomaz Bastos comprovou pagamento de impostos quando trouxe os recursos de volta ao Brasil, em 2003, e disse duvidar que Meirelles tenha enviado US$ 50 mil de sua conta bancária nos Estados Unidos para o Brasil por meios fraudulentos. "Henrique Meirelles é um homem de mercado. US$ 50 mil é muito dinheiro para a população brasileira, mas, para ele, para o patrimônio dele, não é nada. Não precisaria recorrer a doleiros. Se fosse US$ 1 milhão, US$ 1,5 milhão, tudo bem. Mas, para o patrimônio dele, não acredito que precisasse fazer tudo isso por causa de US$ 50 mil. E ainda tiveram de fazer uma operação imensa, criar status de ministro", disse o doleiro, lembrando que, quando surgiram as denúncias de remessas ilegais, o governo garantiu foro privilegiado a Meirelles.

Em relação ao ministro da Justiça, Barcelona disse que o doleiro Marco Antônio Cursini lhe "confidenciou" certa vez ter atendido o escritório de Bastos, mas negou que tenha falado em remessas ilegais. "Não fiz acusação direta ao ministro Márcio Thomaz Bastos. É um ministro muito transparente. Recolheu impostos, declarou tudo em seu Imposto de Renda, disse o que tem", afirmou Toninho.

Thomaz Bastos enviou, entre 1993 e 1995, US$ 2,8 milhões para duas contas no exterior. Em fevereiro de 2003, repatriou o dinheiro e pagou R$ 1 milhão em imposto à Receita.

A assessoria de Meirelles esclareceu que o presidente do BC acredita que o dinheiro foi trazido para pagamento de um fornecedor brasileiro que trabalhou na reforma do apartamento de Meirelles em Nova York. Meirelles argumenta que, como a remessa é operação normal nos EUA, não tem recibo do pagamento. A assessoria lembrou ainda que Meirelles, quando se transferiu dos EUA para o Brasil, em 2002, trouxe pelos meios legais US$ 2,5 milhões de lá para cá. O argumento do presidente do BC é que não haveria motivos para repatriar US$ 50 mil ilegalmente.