Título: Mesmo rachado, PT vai à disputa
Autor: Ana Paula Scinocca e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2005, Nacional, p. A5

O Palácio do Planalto está preocupado com a repetição da divisão do PT na sucessão do deputado Severino Cavalcanti na presidência da Câmara. O temor é de nova derrota, a exemplo do que aconteceu em fevereiro. Apesar de dizer que quer se manter distante da disputa, alegando que este é um assunto do Legislativo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado a diversos interlocutores a sua apreensão com a disputa interna e pede que o PT trabalhe por um nome de consenso, que pode ser de outro partido. Mas, ontem à noite, o presidente interino do PT, Tarso Genro, depois de se reunir com Lula, deixou o Planalto dizendo que o partido terá um nome para disputar a presidência da Câmara. Afirmou também que está tentando unificar a legenda, mas reconheceu que há uma ala independente e vai procurá-la. À pergunta se desta vez a direção do partido pretende punir os rebeldes que lançarem candidatura independente ele respondeu: "Não é possível expulsão sumária."

Questionado se o Planalto temia o nome de Michel Temer, do PMDB, Tarso disse que "nenhum nome de nenhum parlamentar assusta o Planalto". "Até porque é uma decisão autônoma do parlamento que o Planalto vai respeitar integralmente, seja quem for o eleito."

Tarso assegurou que até o fim de semana o PT vai escolher um nome entre os quatro cotados - Sigmaringa Seixas, José Eduardo Cardozo, Arlindo Chinaglia e Paulo Delgado. "O ponto de partida nosso é indicar um candidato, o nosso candidato", comentou ele, ao justificar que já se reuniu com as lideranças do PC do B e do PSB. "A bancada está reunida para escolher o candidato e iniciar um diálogo com a base aliada para que nós tenhamos resposta à possibilidade de o partido majoritário dirigir a Câmara", continuou Tarso, deixando claro que o PT quer a vaga. "Mas isso não é um impedimento para qualquer diálogo e solução que seja uma defesa da instituição."

PREOCUPAÇÕES

A insistência do PT em lançar um nome, e reiterar o direito de maior partido, preocupa o presidente porque o Planalto já foi avisado da possibilidade de o PP, o PTB e o PL se unirem para apoiar um único candidato, apesar de terem saído com nomes independentes para negociação.

Unidos, esses partidos passariam ter chance de ir para o segundo turno e poderiam tornar-se o fiel da balança, e até apoiar um nome da oposição.