Título: 'Repasse para agências foi legal'
Autor: Eugênia Lopes, Luciana Nunes Leal e Irany Teresa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2005, Nacional, p. A9

O banqueiro Daniel Dantas disse que os depósitos no valor de R$ 145 milhões que duas empresas telefônicas controladas pelo grupo Opportunity - a Telemig e a Amazônia Celular- fizeram para as agências de publicidade SMPB e DNA, de Marcos Valério Fernandes de Souza, foram para pagar campanhas publicitárias. No mesmo depoimento, Dantas admitiu que mandou contratar Duda Mendonça para fazer campanhas da Brasil Telecom por ser "um publicitário extraordinário".

O banqueiro explicou que a maior parte dos recursos pago a Valério veio da Telemig, que precisou fazer muitos anúncios por causa da mudança na tecnologia de transmissão de voz, que passou do sistema SMDA para o sistema GSM. "Me foi informado que não há um centavo que não tenha ido para publicidade. A Telemig mudou o sistema e precisamos de um esforço maior na área de publicidade para não perdermos clientes", alegou Dantas.

Em seu depoimento às CPIs dos Correios e do Mensalão, o banqueiro negou que tivesse recorrido a Valério como lobista junto ao governo do PT. Disse também que nem se lembrava de quando havia conhecido Valério. "Não lembro se foi no ano passado ou no retrasado; foi tão circunstancial", comentou. Ele disse não saber o motivo de três ligações feitas da SMPB para a sede do Opportunity, no Rio.

Dantas afirmou não ter participado das gestões para o encontro de Valério com a Portugal Telecom para negociar a venda da Telemig Celular. Garantiu que Valério não foi a Portugal, no início deste ano, para negociar a venda da Telemig para a Portugal Telecom, a seu pedido. Ele explicou que a Portugal Telecom, uma das controladoras da Vivo, desistiu de comprar a Telemig em setembro de 2004. A desistência se deveu à migração da Telemig para o sistema GSM, incompatível com o sistema operado pela Vivo.

Ele assinalou que as notas fiscais da SMPB e a DNA para a Telemig, encontradas incineradas pela polícia, em Belo Horizonte, nunca foram pagas pela empresa de telefonia. "O que aconteceu é que a SMPB e a DNA encaminharam as notas e a Telemig não concordou com elas e as devolveu", arrematou o banqueiro.