Título: João Paulo depõe à PF e nega ter favorecido SMPB
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2005, Nacional, p. A11

DELÚBIO: O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) teve dificuldade ontem para explicar à Polícia Federal o contrato de cerca de R$ 10,7 milhões ao ano que assinou com a SMPB. O contrato foi assinado no início de 2004, meses após o deputado ter sacado R$ 50 mil da conta de Valério na agência do Banco Rural, em Brasília. Ouvido por mais de duas horas no gabinete, João Paulo disse que o dinheiro de Valério foi usado para pagar pesquisas do PT em Osasco, sua base eleitoral, relacionadas à eleição municipal de 2004. Mas não apresentou recibo nem comprovante. Ele contou ter pedido o dinheiro ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e negou que soubesse da origem ilegal dos recursos. Conforme o relato do parlamentar, Delúbio prontificou-se imediatamente a mandar a ajuda e lhe pediu que indicasse um nome para efetuar o saque. "Indiquei a pessoa mais próxima de mim", disse João Paulo, referindo-se à mulher, Márcia Regina Milanesi. O saque foi efetuado em 4 de setembro de 2003. João Paulo confirmou, também, que sua campanha para presidente da Câmara foi feita pela agência DNA, de Valério, e custou R$ 150 mil, pagos pelo PT. Eleito, dois meses depois João Paulo abriu licitação para contratação de agência de publicidade para a Casa. Ganhou a SMPB. À PF, João Paulo negou haver qualquer ligação do saque de R$ 50 mil com o contrato.