Título: Lula perdeu metade dos 52 milhões de votos que o elegeram, diz Ibope
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2005, Nacional, p. A12

A um ano das eleições, 50% dos 52,8 milhões de brasileiros que votaram no presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 2.º turno de 2002 não repetiriam o voto hoje, apurou a 11.ª rodada da pesquisa CNI/Ibope, divulgada ontem. A maioria do eleitorado (49%) acha que Lula não deveria concorrer novamente em 2006 (47% acham que ele deve tentar a reeleição). A metade perdida de eleitores lulistas se pulverizaria hoje entre outros possíveis candidatos - 16% seriam do prefeito José Serra (PSDB), 9%, do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) e 5%, da senadora Heloísa Helena (PSOL). A Confederação Nacional da Indústria (CNI) comparou a 11.ª rodada com a pesquisa CNI/Ibope anterior, de junho, e detectou as perdas do governo e do presidente Lula desde o início da crise. Mas o Ibope preferiu comparar essa rodada com a pesquisa que o instituto fez em agosto e concluiu que o presidente e o governo teriam chegado ao fim das perdas de popularidade por causa do escândalo do mensalão. "Se não surgir nenhuma nova denúncia ligada diretamente ao presidente, pode-se considerar que ele esgotou suas perdas", afirmou Márcia Cavallari, diretora do Ibope.

Ela constatou que em junho, logo após o começo da crise, Lula e o governo perderam muitos pontos entre os eleitores mais instruídos e mais ricos; em julho, a perda foi entre os segmentos intermediários; finalmente, em agosto, foi fechado o inventário de perdas entre os menos instruídos e ricos. De toda forma, os números de agora são os piores desde o começo do governo Lula.

Em relação a agosto, os números pioraram dentro da margem de erro, mas continuam a mostrar um saldo negativo em todas as avaliações do governo - com os índices de desaprovação superando os de aprovação. A pesquisa divulgada ontem apontou que 49% dos eleitores (38% em junho e 47% em agosto) desaprovam o presidente Lula, enquanto 45% o aprovam (55% em junho e 45% em agosto).

Em meio a tanta notícia ruim, o governo colecionou mais uma: a pesquisa revelou que uma parcela significativa da população (40%) acha que a crise política pode contaminar a área econômica.Destes, 23% disseram que estão adiando suas compras.

Na avaliação do governo, houve uma perda de 6 pontos porcentuais no "ótimo/bom" e um aumento de 10 pontos porcentuais no "ruim/péssimo". Reduziu-se a confiança do povo no presidente. Os que confiam nele são 44% (56% em junho e 43% em agosto); os que não confiam são 51% (38% em junho e 52% em agosto).

BEM NO CORAÇÃO

A pesquisa também trouxe péssimas notícias para o PT. A queda expressiva na avaliação do governo Lula ocorreu em todos os segmentos investigados, mas houve repercussões mais significativas e perda de apoio no coração do mais tradicional eleitorado petista - entre os jovens, os que completaram o ensino médio, os que estão na faixa salarial entre 5 e 10 salários mínimos, na Região Sudeste e nas periferias das cidades.

Apesar da insatisfação, 43% dos brasileiros (48% em junho) ainda acham que o governo Lula é melhor que o governo FHC, enquanto 27% (21% em junho) acham que é pior. E 23% opinam que o governo Lula está sendo melhor do que esperavam.