Título: Desemprego cai e renda sobe em SP
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

O desemprego na Região Metropolitana de São Paulo caiu em agosto, depois de permanecer estável por quatro meses consecutivos. Pesquisa divulgada ontem pelo convênio entre a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que a taxa recuou de 17,5% da População Economicamente Ativa (PEA), em julho, para 17,1%, no mês passado. Isso indica que 1,721 milhão estavam sem ocupação em agosto, 44 mil a menos do que no mês anterior.

Além da queda no desemprego, a pesquisa mostrou que o rendimento dos trabalhadores cresceu pelo segundo mês consecutivo. Em julho (último dado disponível), o rendimento médio real dos ocupados aumentou 1,7% em relação a julho, e passou a R$ 1.057. Na comparação com julho de 2004, porém, houve retração de 0,7%.

O número de desempregados diminuiu no mês passado por causa de dois fatores. O principal foi a abertura de 23 mil postos de trabalho no período. A oferta dessas novas vagas ocorreu ao mesmo tempo em que 21 mil pessoas deixavam de procurar emprego. Esse movimento fez diminuir a PEA.

Na avaliação dos responsáveis pela pesquisa, a melhora no mercado de trabalho reflete a confiança dos empresários no crescimento da economia de forma consistente nos próximos meses. Tanto que o emprego com carteira assinada aumentou em 85 mil postos no mês passado. No mesmo período, foram fechadas 13 mil vagas de assalariados informais.

¿Como o custo de contratação e de demissão de mão-de-obra sem carteira assinada é relativamente baixo, boa parte das empresas recorre a esse expediente ilegal enquanto permanecem as incertezas sobre a economia¿, esclarece Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.

Para Lúcio, a ampliação do mercado formal de trabalho mostra que a taxa de desemprego deve continuar a cair nos próximos meses e terminar o ano num nível mais baixo do que em 2004, quando fechou dezembro em 17,1% da PEA, mesma taxa do mês passado. Segundo ele, a taxa já poderia estar mais baixa se a economia do País tivesse crescido com maior intensidade.

¿Tradicionalmente, o segundo semestre é de queda no desemprego. Este ano, demorou um pouco mais por causa do forte aperto na política monetária, destinado a frear o crescimento da atividade.¿

CONSTRUÇÃO

Alexandre Loloian, coordenador de análise da Fundação Seade, observa que o o mercado de trabalho deve receber um reforço da construção civil, que se recupera de quase dois anos de estagnação. ¿As contratações podem aumentar nos próximos meses, refletindo os incentivos dados pelo governo para o financiamento da casa própria.¿

No mês passado, a construção abriu 11 mil postos de trabalho. Outras 12 mil ocupações foram abertas no comércio, enquanto as indústrias contrataram 4 mil pessoas. Já as prestadoras de serviços fecharam 4 mil vagas.

Para Loloian, o comércio começou a contratar trabalhadores para atender a demanda de fim de ano. A indústria teve bom desempenho em bens de consumo duráveis, como automóveis e eletroeletrônicos.

SALÁRIOS

O aumento do rendimento do trabalho, por dois meses seguidos, reflete em parte a expansão das contratações com carteira assinada, em detrimento do emprego informal. A queda da inflação também contribuiu de forma expressiva para esse resultado.

Para o cálculo da evolução da renda real, os salários são corrigidos pelo Índice do Custo de Vida (ICV), apurado em São Paulo pelo Dieese, que apresentou deflação de 0,17% tanto em junho como em julho. ¿Além disso, a maioria das categorias têm conseguido negociar aumentos reais de salários¿, assinala o diretor do Dieese.

Em julho, o aumento no rendimento real foi maior para os empregados da indústria, cujos salários cresceram em média 6,2% em relação a igual período de 2004.