Título: Zveiter contra o oportunismo
Autor: NICOLA PAMPLONA
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2005, Esportes, p. E12

Presidente do tribunal esportivo adverte cartolas que apostam em virada de mesa

O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luiz Zveiter, criticou ontem dirigentes de clubes que "querem se aproveitar" do escândalo da arbitragem para forçar virada de mesa no campeonato. Ele não citou nomes, mas os alvos eram os presidentes do Figueirense, Norton Doppre, e do Flamengo, Márcio Braga, que deram entrevistas sugerindo a paralisação do torneio. "Tem gente tentando se aproveitar do caos para bagunçar o campeonato", afirmou Zveiter,que foi claro ao dizer que os rebaixados terão de disputar a série B em 2006. "Gostaria que os clubes jogassem suas partidas e os dirigentes não procurassem promover o caos", reforçou. Doppre disse anteontem ao Estado que seu clube, penúltimo colocado, foi um dos mais prejudicados. O Fla também luta para fugir do rebaixamento.

Zveiter acredita que não haverá danos à credibilidade do campeonato, desde que os envolvidos no escândalo sejam punidos rapidamente. "Não dá para colocar todos os árbitros no mesmo saco", afirmou. Além disso, frisou que até agora as suspeitas recaem apenas sobre Edilson Pereira de Carvalho. O presidente do STJD disse ainda que a CBF não deve ser responsabilizada pelo escândalo. "O torcedor comprou seu ingresso, foi para o estádio, e um cidadão isolado cometeu um crime", relatou. "Este é quem tem que ser cobrado."

Ele sugere, porém, que a CBF determine aos árbitros que autorizem por escrito a quebra de seus respectivos sigilos bancário e fiscal, para facilitar futuras investigações. Em sua opinião, a profissionalização da categoria seria outra medida que traria mais transparência ao futebol brasileiro. Zveiter elogiou o trabalho da imprens ao episódio e criticou a postura do presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Armando Marques, que não costuma se pronunciar, mesmo quando há crises. "Se ele não aparece, fica parecendo que tem algo errado", afirmou.