Título: Sharon, ordenou ao Exército que ataque os militantes palestinos do Hamas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2005, Internacional, p. A11

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, ordenou ao Exército que ataque os militantes palestinos do Hamas com todos os meios possíveis para impedir que eles ataquem Israel."Não há nenhum limite para os meios usados contra os terroristas, sua organização e seu arsenal onde quer que estejam", disse Sharon antes de comparecer a uma importante reunião de seu partido, o Likud (ler ao lado)."Nosso objetivo não é levar a cabo uma operação isolada, mas uma ação contínua para golpear os terroristas por todos os meios", acrescentou, ressaltando que o Exército israelense evitará atingir a população civil. Na madrugada de domingo, a aviação israelense havia atacado redutos do Hamas em Gaza, matando quatro militantes. Foi o primeiro ataque de Israel a Gaza desde 12 de setembro, quando concluiu a retirada de suas forças daquele território após 38 anos de ocupação.

Em outra operação militar, 207 suspeitos de integrar o grupo radical palestino foram presos na Cisjordânia. Entre os detidos está o xeque Hassan Yussef, chefe do Hamas na Cisjordânia.

A escalada militar israelense é uma represália a uma verdadeira chuva de foguetes lançados sábado pelo Hamas sobre várias localidades do sul de Israel que deixaram cinco feridos.

"Vamos recorrer a um amplo leque de meios para que os habitantes de Sderot e de outras localidades do Deserto de Neguev possam viver normalmente e em segurança", disse o ministro da Defesa, Sahul Mofaz.

As escolas dessas localidades permaneceram fechadas ontem, temendo novos ataques do Hamas. Policiais e soldados do Exército isolaram "áreas sensíveis" das cidades, sujeitas a bombardeio.

Segundo a imprensa israelense, Mofaz pretende estabelecer zonas de segurança ao norte da Faixa de Gaza. A finalidade é impedir que militantes do Hamas disparem foguetes do tipo Qassan. No interior dessas zonas, tudo o que se assemelhe a um Qassan será destruído e seus operadores, mortos, destacou um jornal.

Ontem, a aviação israelense advertiu por meio de alto-falantes a população civil palestina do norte de Gaza a manter-se afastada dos locais de onde os militantes do Hamas disparam seus foguetes.

Mahmud Zahar, líder do Hamas, confirmou a prisão do xeque Yussef, seu representante na Cisjordânia, por parte das tropas de Israel - uma operação iniciada na noite de sábado, que terminou ontem pela manhã. E determinou aos militantes do grupo que suspendam os ataques com foguetes a Israel. "Nós pedimos também ao povo e aos grupos de resistência que protejam nossos armamentos e evitem fazer exibições militares", disse.

O primeiro-ministro palestino, Mahmud Abbas, teme uma nova escalada militar. E pediu ao governo dos EUA que faça pressão sobre Israel. "Desejamos viver em paz e segurança", disse ele. "Queremos restaurar o clima de calma, e por isso, pedimos ajuda aos americanos", acrescentou.

Segundo Abbas, apesar do anúncio oficial, Israel ainda não retirou totalmente suas tropas de Gaza. Abbas ressaltou que a segurança dos palestinos é o que classificou de "chave mágica" para resolver grande parte dos problemas que atormentam o povo palestino. "A segurança não deve ser entendida como um conceito para proteger só os israelenses, mas também a nós", ressaltou. "A segurança é necessária porque é a chave dos investimentos e da economia", insistiu o líder palestino.