Título: Interesse pelo País aumentou, diz consultor
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2005, Economia & Negócios, p. B10

Para Alan Alpert, Brasil atrai pela perspectiva de recuperação econômica

Na semana em que o risco país, indicador que reflete a confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira, atingiu a menor marca desde 1997, Alan Alpert ¿ sócio responsável pela área de fusões e aquisições da consultoria Deloitte no mundo ¿, desembarcou pela primeira vez no Brasil, depois de ter ido oito vezes à China nos últimos 14 meses. A iniciativa do executivo, que assessora corporações gigantes interessadas na compra de outras companhias, sintetiza o interesse do capital estrangeiro pelo País. ¿Temos notado nos últimos oito ou nove meses um crescente interesse pelas empresas brasileiras por parte de vários países¿, diz Alpert, que falou com exclusividade ao Estado. No rol dos interessados, o executivo aponta os Estados Unidos e o Japão, que voltaram a olhar para o Brasil depois de um período de ausência.

Alguns países europeus também estão bastante interessados, ao lado dos chineses. ¿Empresas chinesas estão prospectando fusões e aquisições no Brasil para garantir o suprimento de matérias-primas e o mercado para alguns produtos¿, conta.

Alpert diz que os setores que são alvo das empresas estrangeiras para futuras transações são serviços financeiros, telecomunicações e tecnologia, produtos de consumo e varejo. Os interessados em comprar empresas brasileiras são companhias que pretendem expandir a sua escala de produção e ganhar fatias de mercado, além dos investidores financeiros.

¿Os fundos de investimento estão voltando a se interessar pelo País, depois das perdas registradas nos anos 90, quando a economia declinou¿, avalia o consultor.

RANKING

O interesse pelo País fica nítido no ranking entre os maiores mercados globais de fusões e aquisições elaborado pela empresa de pesquisa Thomson Financial. Entre janeiro e agosto deste ano, o Brasil ocupou a 14ª posição entre os mercados mais ativos em número de operações. Em 2003 e 2004, o País ficou no 15º lugar no ranking.

Apesar da crise política que atravessa, o sócio da Deloitte diz que o Brasil é um país importante para as empresas globais e tornou-se mais importante ainda em razão da expectativa de recuperação econômica. ¿A maioria das empresas, quando analisam oportunidades de investimentos, não olham para as questões relacionadas a situações momentâneas. O importante para elas é a visão de estabilidade a médio e longo prazo¿, afirma Alpert.

Outro aspecto que tem motivado o interesse pelo Brasil, lembra o executivo, é o fato de que em outros mercados consumidores considerados maduros, onde essas companhias já estão presentes, o crescimento será apenas vegetativo nos próximos anos. ¿No Brasil, vemos empresas crescendo de 10% a 15% ao ano. Isso significa que, aqui, o mercado tem escala¿, conclui.