Título: Fundos de pensão contestam depoimento de Daniel Dantas
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2005, Nacional, p. A8

Como acionistas controladores, os fundos de pensão Petros, Previ e Funcef alegam que nunca partilharam dos lucros obtidos pela Brasil Telecom desde a privatização, em julho de 1998, como disse o banqueiro Daniel Dantas em depoimento às CPIs dos Correios e do Mensalão. De acordo com os representantes dos fundos, os dividendos não chegavam aos investidores porque ficavam bloqueados por decisões de conselho nas inúmeras "empresas de papel" montadas pelo grupo Opportunity e que formavam um intricado organograma separando a operadora de seus acionistas. Por causa dessa rede de empresas , os fundos não são acionistas diretos da BrT, mas de uma sociedade de propósito específico (SPE) chamada Newtel. "As empresas formam uma espécie de escada e o Daniel Dantas nunca deixou os dividendos subirem até o último degrau", diz Ricardo Malavaze, diretor financeiro da Petros. "Para as ações negociadas diretamente em bolsa de valores foram distribuídos dividendos, mas não para as ações do bloco de controle. Em vez de entregar os dividendos aos sócios, o administrador tomou a decisão de reinvestir o dinheiro. Este foi um dos motivos dos questionamentos que passaram a ser feitos a partir de 2000."

Outro ponto do depoimento de Dantas que causou indignação foi o da compra da Companhia Rio-grandense de Telecomunicações (CRT) pela Brasil Telecom. Segundo o banqueiro, a operação, efetivada no governo de Fernando Henrique Cardoso, teria causado prejuízo à BrT de US$ 250 milhões. Ele atribuiu a perda às pressões feitas pelos fundos para que a operadora fosse adquirida por US$ 800 milhões e não pelo preço que o Opportunity teria sugerido, entre entre US$ 550 milhões e US$ 600 milhões.

Luiz Tarquínio Ferro, presidente da Previ (Banco do Brasil) à época, afirma que toda a negociação, inclusive a fixação de preço, foi conduzida pelo Opportunity. "A confusão entre os fundos e o senhor Daniel Dantas começou justamente em 2000, entre outras coisas por causa do tratamento indigente que recebemos com relação à prestação de contas dos ativos que o Opportunity administrava para nós. Quem comandava o processo de compra da CRT era o Opportunity."

CONTESTAÇÃO: A Assessoria de Imprensa da Gamecorp, que tem Fábio Luis Lula da Silva como um de seus sócios, divulgou nota contestando a informação de que a Brasil Telecom teria financiado uma viagem de seus representantes ao Japão em 2003, para captar recursos. Segundo a nota, a Gamecorp só foi criada em 2005.

Quem viajou, diz o texto, foram integrantes da Espaço Digital, que foram conhecer novas tecnologias. A Espaço, que mais tarde se juntaria a outra empresa para criar a Gamecorp, produzia o programa G4 Brasil, dedicado a games. Um dos patrocinadores era a BRTurbo, controlada pela Brasil Telecom.