Título: TRECHOS DO DEPOIMENTO DA PRESIDENTE DO BANCO RURAL AO CONSELHO DE ÉTICA
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2005, Nacional, p. A9

VALÉRIO: "Marcos Valério era um facilitador, um marcador de encontros, uma pessoa que circulava no banco com alguma assiduidade. Sei que ele era o ponto em comum entre o PT e o Rural."

AMIGO: "Uma coisa era a SMPB, outra era o Valério como pessoa física, que era amigo do José Augusto (ex-vice-presidente do Banco Rural, já morto) e identificava possibilidades para o banco."

DÍVIDA: "O banco era um cliente importante dele e ele tinha interesse em que o banco estivesse bem. Além disso, tinha uma dívida com o banco (ao dizer que Valério não recebia comissão pelo lobby que fazia em favor do Rural)."

DIRCEU: "É interessante para qualquer empresário manter uma interlocução com o chefe da Casa Civil. Queríamos manter uma interlocução continuada, mas tínhamos interesse bastante específico nessa questão (da liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco). Tive dois encontros com Dirceu e em nenhuma oportunidade tocamos nesse assunto dos empréstimos. Não posso afirmar que ele soubesse dessas operações."

BENEFÍCIO: "O banco não recebeu nenhum benefício durante o atual governo. Ao contrário, quando o Banco Santos quebrou e perdemos alguns ativos, o Banco do Brasil e a Caixa sacaram tudo que tinham na nossa instituição."

EMPRÉSTIMO: "O valor do empréstimo ao PT era muito pequeno para que viesse ao meu conhecimento. Quem negociou esses créditos pessoalmente foi o José Augusto. Era a pessoa n.º 1, era quem negociava os créditos. Tive conhecimento depois da morte do José Augusto de que um dos empréstimos para Valério foi para o PT pagar dívidas de campanha."

TRATAMENTO: "Ao Rural não cabia fazer ilações, imaginar algum ilícito nos pagamentos de um cliente como Valério... É bom lembrar que há um elo perdido na história. José Augusto tinha um tipo de gestão muito pessoal e pouco hierárquica e pode ter pedido tratamento especial a esse cliente."