Título: Berzoini busca centro para tentar maioria
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2005, Nacional, p. A10

À espera do adversário para a disputa presidencial do PT contra Ricardo Berzoini, dirigentes do Campo Majoritário - grupo moderado que controla o partido há uma década - já trabalham para formar uma nova maioria no Diretório Nacional , enquanto costuram apoios para Berzoini. O alvo do Campo são antigos aliados, o Movimento PT e o PT de Luta e de Massa (PTLM), e o argumento central para costurar alianças é a defesa do governo e da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "É claro que teremos de esperar a primeira reunião do Diretório, mas estou seguro de que não haverá nenhum desastre", afirmou Francisco Rocha, um dos coordenadores do Campo, referindo-se à hipótese assistir a união das demais forças do partido contra todas as teses de seu grupo. Com apoio do Movimento PT e do PTLM, o Campo costumava obter vitórias na instância máxima da legenda com votações de mais de 60%. Desde o início da crise do mensalão, porém, essa maioria se dissolveu. E a chapa do Campo para o Diretório, que obteve 52% dos votos em 2001, deverá fechar a apuração das eleições internas com 43% a 45%.

"Um partido de esquerda, de massa, se administra com maioria e minoria, não tem como fugir disso", avalia o presidente reeleito do diretório regional de São Paulo, Paulo Frateschi. "O PT precisa urgentemente de uma maioria capaz de produzir políticas e defender suas instâncias."

Dirigentes do Campo começam a procurar representantes do Movimento PT e do PTLM para garantir votos para Berzoini e compor a nova maioria. As notícias ontem, porém, não foram das melhores para o grupo. Após reunião com 60 dirigentes nacionais e a candidata a presidente Maria do Rosário, o Movimento PT decidiu por unanimidade oferecer apoio a qualquer um dos finalistas da oposição: Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, e Raul Pont, da Democracia Socialista. A parcial da apuração divulgada ontem ainda indicava Pomar à frente, mas a vantagem continua a cair. Pomar tem 14,8% dos votos e Pont, 14,5%. "Decidimos apoiar o candidato de oposição, desde que ele se comprometa com algumas questões fundamentais como a defesa do governo Lula e da reeleição", afirmou o segundo-vice-presidente do PT e coordenador do Movimento PT, Romênio Pereira. "Não vamos nos recusar a conversar com o Campo, mas essa decisão sinaliza como vamos nos comportar no próximo Diretório."

O Campo vai procurar o PTLM, mesmo se Pomar - que teve o apoio da corrente - seguir para o segundo turno. Assim como já começou a buscar os grupos políticos ligados à ex-prefeita Marta Suplicy que optaram pelo voto em branco ou outros candidatos no primeiro turno.

O PT adiou a divulgação oficial dos resultados da eleição de hoje para o início da semana que vem. Há atraso no repasse de informações de MG, BA, MA e TO.