Título: 'A conta era minha, mas o dinheiro era do Maluf'
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2005, Nacional, p. A13

"A conta é minha, mas o dinheiro era do Maluf", declarou ontem Vivaldo Alves, o Birigüi, em depoimento ao juiz Paulo Alberto Sarno, que conduz processo contra o ex-prefeito Paulo Maluf e seu filho mais velho, Flávio. "Meu compromisso é exatamente com a verdade. Maluf disse que não me conhece? Movimentei US$ 161 milhões para ele, a pedido do Flávio. Eu vou com a verdade até o final. Não tenho medo." Titular da conta Chanani, do Safra National Bank de Nova York, Birigüi foi interrogado por cerca de quatro horas. Ele também é réu no processo contra Maluf, acusado por lavagem de dinheiro e quadrilha. A Procuradoria da República pediu benefício da delação premiada para o doleiro - ele está colaborando com a investigação. Birigüi não quis falar sobre o grampo em que aparece conversando com outro doleiro. O criminalista José Roberto Batochio, que defende os Maluf, pediu ao juiz que ligasse o CD com a gravação, mas Birigüi não quis se manifestar. "A prisão dos Maluf é uma truculência inominável, um escândalo", protestou Batochio.

A Polícia Federal informou que todas gravações foram entregues à Justiça e que a delação premiada foi negociada nos termos legais. "Não houve nenhuma ilegalidade", endossou o procurador da República Rodrigo de Grandis. "A delação será apreciada pela Justiça no momento adequado, nos limites legais." Para Grandis, o grampo dos doleiros não esvazia a acusação. "Não muda nada, as provas são concretas."

O promotor de Justiça Silvio Marques, que compõe a frente anti-Maluf do Ministério Público, reiterou que "não houve pressão" sobre o doleiro acusador do ex-prefeito. "O delegado Protógenes Queiroz conduziu o inquérito com absoluta tranqüilidade e isenção", anotou o promotor.