Título: Entre 43 países, Brasil é 39.º em competitividade
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

O Brasil ocupa o 39º lugar entre 43 países avaliados pelo Indicador de Competitividade (IC) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado ontem. O índice tem base em dados apurados entre 1997 e 2003. Numa simulação com dados de 2004, o País sobe para a 38º posição. Em 1997, o País também ocupava a 39ª posição, subindo para a 38ª em 1998 e caindo para o 41º lugar em 1999. De acordo com essa segunda edição do indicador, a competitividade brasileira supera apenas as de Colômbia, Índia, Turquia e Indonésia. Os mais competitivos são os Estados Unidos, a Suécia, a Suíça e o Japão. Na América Latina, Argentina (31º), Chile (34º), México (36º) e Venezuela (38º) estão à frente do Brasil.

Apesar de ter permanecido em 39ª lugar, o País melhorou nos gastos em Pesquisas e Desenvolvimento (P&B), produtividade da indústria, balança comercial ante o Produto Interno Bruto (PIB), alfabetização de pessoas acima de 15 anos e risco do sistema financeiro. As pioras foram as taxas de juro, formação brutal de capital fixo sobre o PIB, carga tributária e crescimento real do PIB per capita.

A Fiesp pretende apresentar ao governo em, no máximo, 20 dias, uma agenda de produtividade, com propostas de políticas públicas para melhorar o desempenho da indústria e promover o crescimento sustentado.

Segundo Roriz Coelho, a agenda vai propor medidas para a redução do juros e do spread bancário, melhoria do crédito para o setor privado, corte de gastos do governo, redução da carga tributária e estímulos à formação bruta de capital fixo. "O governo só se preocupa com a inflação, falta uma agenda de crescimento para o País", destacou.

Para o executivo, que apresentou o IC da Fiesp, os maiores entraves à competitividade industrial são o custo do capital e a carga tributária. "Eles tiram a capacidade de investir das empresas", afirmou. Para o empresário, o Brasil precisaria ter investimentos em formação bruta de capital fixo da ordem 25% do PIB ao ano, acima da média atual de 19%, para ter um crescimento econômico de 5%.

A manutenção do Brasil no 39º lugar no IC não surpreendeu a entidade, considerando que houve melhora em várias áreas. "O resultado não gera pessimismo, até porque 2004 foi um ano bom, mas acende a luz de alerta para o fato de que outros países, com os quais disputamos mercados, estão crescendo mais rapidamente do que nós", ressaltou.

O IC da Fiesp reúne 83 variáveis exclusivamente quantitativas de 43 países, responsáveis por 95% do PIB mundial. O índice do Fórum Econômico Mundial, que será divulgado na próxima semana, inclui mais de cem países e leva em conta aspectos quantitativos para medir a competitividade. Nesse, o Brasil perdeu posições no ano passado.

Segundo o Índice de Competitividade do Fórum, a Irlanda foi o país que teve mais ganhos de produtividade, por conta de redução da carga tributária, das taxas de juros, da queda do spread bancário e do aumento do crédito para o setor produtivo privado