Título: Ata do Copom não anima mercado
Autor: Lucinda Pinto, Denise Abarca e Silvana Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2005, Economia & Negócios, p. B12
Embora a ata do Copom tenha apresentado um cenário positivo para o rumo da inflação, o mercado não encontrou no documento autorização para muito otimismo em relação à política monetária. Sem nenhum sinal objetivo do BC sobre o ritmo de queda da taxa Selic, a reação do mercado foi de aumentar os prêmios nos contratos de juros. Na Bolsa, o dia foi de realização de lucros. O Ibovespa fechou em queda de 0,51%, em 30.678 pontos, com volume negociado de R$ 1,814 bilhão. Já o dólar comercial apresentou ligeira alta de 0,04%, cotado a R$ 2,276. O mercado de juros não se deixou envolver pelas análises positivas sobre a ata da última reunião do Copom. Assim, o DI com vencimento em novembro encerrou o pregão com taxa de 19,35%, que contabiliza 40% de chance de um corte de 0,25 ponto porcentual e 60% de estabilidade.
A Bolsa passou boa parte do dia em queda de mais de 1%, devolvendo parte dos expressivos ganhos acumulados. O movimento perdeu força no fim da tarde, quando o recuo foi reduzido a até 0,10%, o que fez até com que alguns operadores chegassem a apostar que o Ibovespa chegaria estável ao fechamento, o que não se confirmou. A perda de força foi atribuída por alguns à melhora do mercado externo, onde as bolsas americanas fecharam em alta e o petróleo, em baixa. O Dow Jones subiu 0,42% e o Nasdaq, 0,20%.
No exterior, o destaque foi a queda, ainda que modesta, do petróleo. O barril para novembro caiu 0,45%, para US$ 66,50, na Nymex. O comportamento foi atribuído às notícias de que o furacão Rita deve chegar a leste da área que concentra as refinarias da região de Houston.
Em conseqüência das vendas para realização de ganhos de curto prazo, o dólar à vista recuou para a menor cotação em mais de três anos, até R$ 2,266 na mínima (fechou a R$ 2,267 em 10 de abril de 2002). Mesmo sem confirmação dos boatos de ontem sobre um upgrade para os ratings do País, às 18 horas o risco país caía 1 ponto, com 363 pontos.
No mercado futuro, o dólar para outubro de 2005 projetou ligeira queda de 0,07%, a R$ 2,284. Os quatro vencimentos negociados entre novembro de 2005 e março de 2006 sinalizaram ligeiras altas; e o dólar para julho de 2008 indicou estabilidade, em R$ 3,018. O volume movimentado cresceu 19%, para US$ 6,86 bilhões, com 136.756 contratos.