Título: 'Se Renan apóia Aldo, é reles', reage Temer
Autor: Rita Tavares e Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2005, Nacional, p. A6

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), disse ontem que manterá a candidatura à presidência da Câmara apesar das pressões contrárias, até no seu partido. Ele afirmou que não acredita que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apóie a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP). "Renan não faria uma coisa dessas", garantiu, contando que o senador incentivou sua candidatura e pediu a parlamentares apoio a ele. "Se fez uma coisa dessas de incentivar outro candidato, é um indivíduo reles, e não acredito que ele seja." Renan aderiu à candidatura de Aldo quinta-feira à noite, depois de dois dias de reuniões com líderes e com o presidente Lula. Ontem, Temer disse que, embora mantenha sua candidatura para a eleição de quarta-feira, acha possível um consenso de todos os partidos em torno de um único nome. "É possível dialogar", assegurou, contando que por isso ainda não registrou a candidatura - só pretende fazê-lo no fim da tarde da terça-feira. Até lá, o deputado, que já comandou a Câmara em duas ocasiões, explicou que terá muitas conversas em busca de um consenso - que, na sua opinião, seria uma demonstração de "maturidade da Câmara".

Temer discorda de que a disputa entre dez deputados pelo posto possa mostrar imaturidade da Câmara ou falta de respeito pela instituição. Para ele, é natural a briga, dada a proximidade das eleições de 2006. Ele esteve em São Paulo para reunião da cúpula do PMDB, destinada a discutir o pré-programa de governo para as eleições.

VÍRUS

O secretário de Governo do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho, que participou da reunião do PMDB, foi mais duro. "Eu até estranho o que li nos jornais, que Renan tenha sido acometido desse vírus da traição, assim tão repentinamente", declarou. "Espero que ele (Renan) aproveite o fim de semana, vá a Alagoas, tome alguns medicamentos para ver se o vírus passa", recomendou, irônico.

Garotinho provocou os petistas. Disse que Renan foi "infectado" pelo "tal vírus da traição" provavelmente "nesse lamaçal aí" do PT. "Essa lama do PT contamina, adoece qualquer um que se mistura com ela", acrescentou. Ele afirmou que, como Renan é "um moço de muito juízo", deve se recuperar no fim de semana e voltará a apoiar Temer na segunda-feira.

Além dele, o governador gaúcho, Germano Rigotto, e o ex-governador Orestes Quércia, presidente do PMDB paulista, defenderam Temer. Para Quércia, o apoio do presidente do Senado a Aldo não atrapalha. "No primeiro momento, Renan achou importantíssima a candidatura de Temer e hoje está noutra posição, mas isso não exclui nada e a candidatura de Temer vai continuar, na mesma trajetória", garantiu. "Essa candidatura soma o partido e Temer é um homem que já foi presidente da Câmara duas vezes e tem condições de colaborar."

Rigotto contou que apóia Temer "não por ser do PMDB", mas porque vê nele as condições para presidir a Casa. "Fui colega de Temer em duas gestões em que esteve à frente da Câmara, que foram excelentes. Ele é agregador, tem conhecimento jurídico enorme e trânsito em todas as bancadas."