Título: Ideli se desmente em caso do dossiê
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2005, Nacional, p. A13

Em menos de 24 horas, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), em discursos feitos no plenário, deu duas versões sobre um mesmo fato. Na tarde de quinta-feira, negou categoricamente ter se encontrado com o empresário Edson Brockveld, diretor da Brockveld Tecnologia e Integração de Sistemas. Ontem de manhã, confirmou que não só atendeu Brockveld em seu gabinete, como também recebeu dele supostas denúncias de superfaturamento em uma licitação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, em 1999, no governo de FHC. A senadora disse que os documentos não são "provas suficientes" para chegar a essa conclusão. Mas não explicou por que mentiu para seus colegas senadores e para o público da Rádio e TV Senado.

Em vez disso, disse suspeitar que sua conversa com o empresário, divulgada em tempo real pelo blog do jornalista Ricardo Noblat, pode ter sido obtida por meio de escuta clandestina. Disse ainda que o fato de ter a contradição exposta pode ter relação com sua atuação no depoimento do empresário Daniel Dantas, do Banco Opportunity às CPIs dos Correios e do Mensalão.

A escuta seria, portanto, a resposta ao fato de haver atacado Daniel Dantas, ao afirmar que ele está envolvido "nas dez maiores maracutaias investigadas no Brasil". O vice-presidente do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), defendeu que no "meio de quem disse o que disse" deve ser preservada sobretudo a liberdade de imprensa. "Pois é graças ao competente jornalismo brasileiro que as investigações no País ganham razoável eficiência", alegou.