Título: Pont pode ser o adversário de Berzoini
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2005, Nacional, p. A18

Os votos da eleição presidencial petista totalizados até às 23 horas de ontem indicam que Raul Pont, da Democracia Socialista, provavelmente será o adversário do candidato do Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, no segundo turno marcado para 9 de outubro. Apenas 10 votos separam Pont do segundo colocado, Valter Pomar, da Articulação de Esquerda. 'O resultado é indefinido, mas crava uma tendência muito forte de que Raul Pont assumirá a segunda posição', afirmou o coordenador das eleições no PT, Francisco Campos.

Cerca de 99% dos votos foram apurados e os locais onde há maior atraso no repasse de informações (MG, BA e MA) devem favorecer Pont, que somou 42.768 votos, 14,66%. Pomar tem 14,67%.

Berzoini aparece com 42,1%; Plínio de Arruda Sampaio tem 13,4%; Maria do Rosário, 13,2%; Markus Sokol tem 1,4% e Gegê, 0,7%. Foram totalizados até agora 312.491 votos, dos quais 4.305 foram anulados e 16.507 em branco.

A divulgação dos resultados finais ficou para o início da próxima semana. Pont ainda pode ser beneficiado com pedidos de impugnação de urnas apresentados especialmente em São Paulo e Recife, onde Pomar teve melhor desempenho. O diretório regional paulista deverá julgar pelo menos 10 recursos na terça-feira.

As irregularidades incluem o transporte de eleitores e pagamento de contribuição partidária na capital paulista. No Recife, o pleito pode ser anulado porque 700 nomes não constavam da lista de eleitores.

Pomar e sua corrente divulgaram carta de balanço da eleição conclamando a união das tendências de esquerda no 2.º turno e atacando os recursos. 'Passar ao 2.º turno graças a recursos é meio caminho andado para a derrota', diz o texto. Para Pont, o 'recurso é um direito de qualquer filiado para manter a legalidade do pleito'. Segundo ele, o total de contestações é 'pequeno' e 'normal'. Com seu lugar garantido no 2.º turno, Berzoini resumiu o novo round como uma disputa entre quem defende ou não o governo Lula.

'É fundamental que o PT faça uma defesa intransigente do governo. Isso diferencia muito a minha candidatura das demais', afirmou, ainda sem referir-se a um adversário específico. Ele alega que faz apenas críticas 'pontuais' à administração.

Cobra melhorias na execução orçamentária, entre outras mudanças a serem feitas 'com cuidado' por causa das eleições 2006.

Os adversários reagiram com revolta. 'É uma falsa polarização, um método rasteiro e tradicional de debate', disse Pont. 'Nunca deixamos de sustentar o governo. Outra coisa é exigir do partido que contrarie seu programa.'

A DS tem restrições, principalmente, à política econômica e de alianças. Para Pomar, o foco do 2.º turno será entre 'a renovação e o continuísmo' na direção do PT.