Título: Furacão pára 4.ª maior cidade do país
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2005, Internacional, p. A22

A aproximação do furacão Rita paralisava ontem quase todas as atividades econômicas de Houston, centro da quarta área metropolitana mais importante dos EUA, que responde por aproximadamente 2% do PIB americano. A metrópole texana é a maior cidade de uma região com forte concentração de refinarias petrolíferas e de indústrias petroquímicas. Além disso, Houston hospeda as filiais de grandes prestadores de serviços como a UPS e o Wal-Mart. Ao todo, a produção econômica anual é de cerca de US$ 250 bilhões, número equivalente a metade do PIB brasileiro. O montante é quase cinco vezes maior do que a riqueza produzida na agora devastada região New Orleans. Dependendo da violência com a qual o Rita invadirá a costa do Golfo do México hoje, o furacão poderá causar uma catástrofe econômica muito maior do que a do Katrina, levando-se em conta a maior importância da economia da costa texana e o fato de o Estado concentrar muito mais instalações petrolíferas do que a Louisiana e o Mississippi. Uma interrupção por várias semanas das refinarias e oleodutos do Texas - algo muito plausível, de acordo com especialistas - causaria inevitavelmente aumento significativo no preço dos combustíveis.

Numa visão mais otimista, alguns especialistas estimam que a infra-estrutura de Houston é menos vulnerável do que a de New Orleans - cidade que tem na indústria do turismo sua principal atividade econômica. A cidade texana também estaria menos sujeita a grandes e longas inundações. Cercada por diques, New Orleans fica três metros abaixo do nível do mar, fator que dificulta a drenagem da cidade, quase quatro semanas após a passagem do Katrina.

"Seria difícil imaginar um cenário de Houston tão atingido pelo Rita quanto New Orleans foi afetada pelo Katrina", diz o economista Mark Zandi, diretor do Economy.com. Apesar da interrupção de quase toda a produção petrolífera do Golfo do México, a cotação do barril de petróleo no mercado futuro em Nova York caiu US$ 2,30 - fechando abaixo dos US$ 65 -, depois da informação de que a intensidade do Rita tinha se reduzido. No começo da semana, a Organização dos Países Produtores de Petróleo se comprometeu a aumentar a oferta do produto em 2 milhões de barris diários para acalmar a tensão no mercado.