Título: Pacote do G-7 ataca alta do petróleo
Autor: Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2005, Economia & Negócios, p. B6

Os ministros de Finanças das sete maiores economias capitalistas (G-7) propuseram ontem um conjunto de medidas para conter os preços do petróleo e garantir a expansão da oferta em prazo mais longo. Pediram que os produtores com alguma capacidade ociosa aumentem a oferta. Defenderam investimentos em exploração, produção, infra-estrutura energética e refino. Os países produtores, segundo eles, deveriam criar um clima adequado para atrair investidores. Além disso, os ministros recomendaram que os governos evitem subsidiar o consumo de combustíveis e deixem o mercado formar os preços.

A economia global, segundo o comunicado emitido à noite pela Grupo dos 7 (G-7), continua a expandir-se e há condições favoráveis para mais crescimento. "No entanto", prossegue o texto, "preços mais altos de energia, crescentes desequilíbrios globais e pressões protecionistas aumentaram os riscos para aquelas perspectivas."

O combate aos desequilíbrios da economia global é responsabilidade de todos, segundo o comunicado. Os ministros dos sete países distribuíram as tarefas. É preciso combater o déficit fiscal americano, ampliar as reformas estruturais na Europa e também no Japão.

Para os economistas, o déficit orçamentário dos Estados Unidos sustenta um excesso de demanda que drena poupança do resto do mundo. A falta de reformas no outro lado do Atlântico retarda o crescimento europeu.

Quanto ao Japão, começou a sair da letargia que durou mais de uma década e suas reformas fiscais e financeiras estão incompletas. O comunicado elogia a nova política chinesa de câmbio, que rompeu a imobilidade e permitiu uma pequena valorização do yuan. Os ministros do mundo rico pedem mais, porque a moeda chinesa continua, segundo os críticos, subvalorizada. Isso torna ainda mais competitivos os produtos chineses, já muito baratos pelos padrões mundiais.

Os ministros defendem uma ambicioso resultado da Rodada Doha de negociações comerciais até o fim do próximo ano. Todos os países membros, segundo o comunicado, deveriam esforçar-se para "ampliar substancialmente o acesso aos mercados para produtos agrícolas, bens industriais e serviços, especialmente para países em desenvolvimento".

Deveriam reduzir os apoios internos que distorcem os preços, eliminar todas as formas de subsídios à exportação agrícola e "fazer substanciais progressos em serviços, incluídos os financeiros, já que a liberalização no setor financeiro poderá resultar em maior crescimento". Há, portanto, recomendações para todos, incluídos os países em desenvolvimento, que têm resistido à abertura de mercados para serviços e à redução de tarifas para bens industriais.

Os ministros reafirmam os compromissos de combate à pobreza assumidos em julho na reunião de Glenneagles, na Escócia, e anunciam a concessão de cerca de US$ 150 milhões ao FMI para o programa de assistência aos países pobres.

Os ministros do G-7, formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália, marcaram novo encontro para dezembro, no Reino Unido. Foram convidados para esse encontro representantes do Brasil, da China, da Índia, da Rússia e da África do Sul, que ontem participaram de almoço do G-7 no Tesouro americano.