Título: Venda de veículos ao exterior terá crédito do BNDES
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2005, Economia & Negócios, p. B8

O Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) anunciou ontem a criação de uma linha de financiamento à produção de automóveis de passeio e comerciais leves para exportação. As montadoras vão poder financiar até 30% do total de veículos a ser vendido no exterior, calculado sobre um compromisso de exportação firmado para o período de um ano. Segundo o presidente do BNDES, Guido Mantega, a nova linha estará disponível em meados da próxima semana e a expectativa é de liberar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão até o final do ano. "Com essa medida vamos facilitar a produção de veículos e permitir que as montadoras instaladas no País sejam mais competitivas no exterior , podendo assim manter e conquistar novos mercados para seus produtos", disse Mantega.

As montadoras vinham reivindicando do BNDES a criação dessa medida havia cerca de seis meses, como forma de compensar parte da competitividade perdida com a valorização do real. O banco oferecia linhas de financiamento à exportação voltadas apenas para caminhões e autopeças.

Pelos cálculos do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, a nova linha deve reduzir o custo do financiamento à exportação de carros de passeio e comerciais leves em 5 pontos porcentuais. Hoje, esse custo está ao redor de 23% ao ano, nas operações de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACCs). Com o financiamento do BNDES , cairia para 18%.

Mantega explicou que o custo do financiamento será dividido em duas partes. Uma delas, correspondente a 80% do contrato, terá incidência da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 9,75% ao ano, acrescida de 4,5% de remuneração ao BNDES e do spread cobrado pelo banco repassador do crédito. Os 20% restantes serão corrigidos pela variação cambial do período do contrato (até 15 meses), mais Taxa de Juros Fixa Pré-Embarque (TJFPE), de 7,28% ao ano, e 3% de remuneração ao banco, além da taxa do agente financeiro.

A nova linha de crédito não resolve todos os problemas causados pelo câmbio, mas facilita a vida das montadoras. "Estou rouco de tanto falar que vendemos carros a um câmbio de R$ 3,15 a 3,20 e estamos recebendo apenas R$ 2,40. A linha do BNDES não resolve, mas vai nos ajudar bastante", disse José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors do Brasil.

De acordo com a Anfavea, as exportações de veículos deverão atingir US$ 10,8 bilhões este ano, 29% mais do que em 2004. Só a GM deverá exportar US$ 1,3 bilhão.

O BNDES também lançou ontem uma linha de crédito com condições melhores para a aquisição de ônibus elétricos e híbridos (movidos a gás natural ou diesel). Pelo novo modelo de financiamento, quanto melhores os projetos de racionalização no transporte de passageiros em municípios e regiões metropolitanas, mas atrativas serão as condições oferecidas nos empréstimos.