Título: Troca-troca transformará PMDB no maior partido do Congresso
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2005, Nacional, p. A4

Mesmo dividido entre governistas e oposicionistas, o PMDB deixará para trás todas as outras legendas no troca-troca partidário que se encerra no dia 30, último prazo de filiação para quem pretende disputar um cargo eletivo no ano que vem. O partido, que ostenta a maior bancada de senadores (23), vai ultrapassar o PT e garantir a maior representação na Câmara. Deve passar de 87 deputados para algo entre 92 e 95. O PT, com 88, ficará em segundo. A atração pelo PMDB é explicada pelos políticos pelo fato de ser o partido com a maior infra-estrutura no País, com diretórios em 4.671 dos 5.561 municípios. O PMDB tem ainda 1.057 prefeitos, 8.315 vereadores e 2.079.398 filiados, número que supera em uma vez e meia o dos 830 mil filiados do PT.

O PMDB passará a ter também o maior número de governadores: dez. Blairo Maggi (PPS), de Mato Grosso, Eduardo Braga (PPS), do Amazonas, e Paulo Hartung (PSB), do Espírito Santo, assinam a filiação na terça, numa festa comandada pelo presidente Michel Temer (SP). Se juntam a Germano Rigotto (RS), Jarbas Vasconcelos (PE), Luiz Henrique (SC), Marcelo Miranda (TO), Joaquim Roriz (DF), Roberto Requião (PA) e Rosinha Garotinho (RJ).

Braga vai engrossar a fileira dos governistas. Ele teve dois encontros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anunciar a decisão: "Sou fiel ao senhor. Não vou mais ficar no PPS, porque o presidente do partido (Roberto Freire) é um dos comandantes da oposição."

O PPS perde dois governadores e ganha um, Ivo Cassol, forçado a sair do PSDB depois da denúncia de pagamento de mensalão aos deputados estaduais.

No troca-troca, o PL vai sair esvaziado. Primeiro, viu o seu presidente, Valdemar Costa Neto (SP), renunciar para fugir ao processo de cassação por suposto envolvimento com o mensalão. Agora, sairão os deputados Ademir Camilo (MG), Edinho Montemor (SP), Fernando Estima (SP), Marcelo Guimarães (BA) e Mário Assad (MG).

Está também de saída do PL o senador Aelton Freitas (MG), que assumiu a cadeira do vice-presidente da República, José Alencar. Alencar quer se transferir para o PMDB, apesar da resistência de Itamar Franco.

O PDT, que elegeu 22 deputados e hoje tem 15, todos na oposição, ganha três reforços: o senador Cristovam Buarque (DF), ex-PT, e os deputados Sérgio Miranda (MG), ex-PC do B, e Ademir Camilo (MG), ex-PL.

O PSDB manterá seus 51 deputados e ganhará o governador de Roraima, Ottomar Pinto, hoje PTB. "Acho que ficaremos muito bem mantendo nossa bancada", comemorou o secretário-geral do partido, deputado Bismarck Maia (CE).

O PTB, que há dois meses era presidido por Roberto Jefferson (RJ) - cassado no dia 15 -, receberá dois deputados e perderá um. O PFL teve uma grande perda: o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy foi para o PSDB. "É um estrago", admitiu o líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA). Também da Bahia sai o deputado Milton Barbosa, mas o PFL receberá mais dois.

O PSB vai filiar os deputados Edinho Montemor (PL-SP), Maria Helena (PPS-RR) e Mário Assad (PL-MG).