Título: Aldo e Nonô dão plantão na Câmara na luta por votos
Autor: Christiane Samarco e Gisle Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2005, Nacional, p. A6

Candidatos do governo e dos partidos de oposição à presidência da Câmara, os deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP) e José Thomaz Nonô (PFL-AL) montaram ontem um quartel-general na caça aos votos dos deputados, mesmo com o Congresso esvaziado por causa do fim de semana. 'O movimento do Planalto para tirar o PT da disputa é ótimo: aumenta meus votos no partido', avaliou Nonô. 'Nem a oposição nem o Palácio do Planalto podem decidir a eleição', afirmava ontem Aldo Rebelo, na tentativa de descaracterizar a disputa como uma briga entre governo e adversários. O primeiro foco de ambos os candidatos foi a bancada petista. Aldo trabalhou na liderança do PT, com a ajuda do anfitrião Henrique Fontana (PT-RS) e do líder do PC do B, Renildo Calheiros (AL). Só nas últimas 24 horas, Aldo fez 110 ligações telefônicas para eleitores, 35 das quais a interlocutores do PT. 'Já temos 200 votos, em uma conta rasteira, e vamos esticar a corda até amanhã para conseguir fechar no primeiro turno', disse ontem o presidente do PSB, deputado Eduardo Campos (PE), que retirou seu nome da disputa em favor de Aldo. É sintomático que quase um terço dos contatos realizados por Aldo tenham sido para sensibilizar petistas, partido que naturalmente deveria despejar nele seus votos. Ontem, em Salvador, perguntado se Aldo era um bom candidato, o presidente Lula disse: 'Pode ser'. Além de assediar os petistas inconformados com a interferência palaciana que tirou o partido da disputa, Nonô marcou um encontro com o presidente e candidato do PMDB, deputado Michel Temer (SP), para analisar o cenário e traçar estratégias conjuntas no caso de um segundo turno. Ao mesmo tempo, Aldo também confirmava que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), irmão do líder comunista Renildo, apóia sua candidatura. Temer desembarcou no início da noite de ontem em Brasília para também intensificar as articulações em favor de sua candidatura e negou que vá desistir da disputa diante da notícia de que Renan apóia Aldo. 'Acho que ele (Renan) vai pensar neste final de semana e é possível que reformule sua conduta. Isso seria útil para a moral política do País', disse Temer. O presidente do PMDB havia dito que só um indivíduo 'reles' seria capaz de tamanha traição, como a de apoiar uma candidatura de outro partido. Temer disse ter recebido mais de 50 telefonemas de deputados pedindo a ele que não renuncie. 'Vou até o fim.' Além de Nonô, Temer quer conversar com o candidato do PTB, Luiz Antônio Fleury Filho (SP), e fazer contatos com políticos do PP, PL, PSDB, PT e PMDB. Segundo um pefelista que está à frente da campanha de Nonô, o alagoano já conversou com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB) e obteve a garantia de que, se Temer ficar fora do segundo turno, seus 30 votos na Câmara irão beneficiá-lo. DORNELLES

Queixando-se de terem sido usados pelo Planalto para abrir espaço a um candidato da base aliada, alguns petistas ainda cogitavam ontem a hipótese de apoiar o candidato do PP, Francisco Dornelles (RJ) que, segundo eles, poderia obter apoios no PSDB, ao contrário de Aldo.