Título: Nonô sela apoio de 6 partidos e quer governistas
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Nacional, p. A5

Nas últimas horas que antecedem a eleição para a presidência da Câmara, o deputado José Thomaz Nonô chega ao plenário hoje com o apoio de seis partidos de oposição - PFL, PSDB, PPS, PDT, PV e Prona -, que numericamente somam 149 votos, e se empenha em atrair dissidências governistas. Partidários de Nonô contabilizam entre 130 e 150 votos, o que garantiria sua chegada ao segundo turno da eleição. Caso seja eleito hoje, Nonô adiantou que "com a casa sob nova direção" pretende abrir diálogo com o Palácio do Planalto e procurar uma solução para a questão das medidas provisórias que monopolizam as votações da Câmara. Na disputa pela presidência, enquanto o governo promete atender a reivindicações de deputados em troca de voto, Nonô passou ontem o dia afirmando que faz uma campanha limpa e declarando ser legítima a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a favor de seus aliados.

"Não é interferência. Tenho respeito profundo por todos os gestos políticos. Quem enfrenta campanha política não espera um caminho de rosas e refresco dos adversários", afirmou Nonô. "Acho absolutamente natural que o presidente Lula procure as pessoas que lhe são mais próximas. Eu tenho um respeito profundo pelo presidente."

REGISTRO

Como presidente interino da Câmara, coube a Nonô receber o registro de sua própria candidatura, entregue à tarde pelos líderes dos partidos que lhe manifestaram apoio. Nonô recebeu seus aliados ao mesmo tempo em que o deputado Michel Temer (PMDB-SP) entregava também o registro de sua candidatura. Depois de vários elogios mútuos, os dois evitaram falar de acordo para o segundo turno. "Foi apenas uma coincidência", afirmaram ao protocolarem os dois nomes para a disputa com apenas dois minutos de diferença.

O pefelista se denominou candidato da oposição e disse que a busca de consenso sempre está ligada a um candidato do governo. "Não sou nem serei nunca o candidato do consenso. Muito menos de um falso consenso pregado por alguns. E por que o consenso tem de se dar necessariamente por quem respalda o governo? Quero ser o candidato das maiorias. Da maioria desta Casa, porque é assim que se expressam as coisas e os eventos num sistema democrático."

Nonô disse ainda que não quer ser unanimidade na Casa. "Sou um candidato da oposição com muito orgulho. Só fascistas, ditadores, míopes politicamente exigem unanimidade", argumentou. O candidato oposicionista ressaltou, no entanto, que não será movido por sentimentos de antagonismos. "Uma presidência claramente descomprometida de compromissos subalternos dará ao governo dele um apoio muito maior do que os áulicos, os subservientes e os fisiológicos", avaliou Nonô.