Título: 'A punição não será apressada', avisa Berzoini
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Nacional, p. A9

Disposto a defender o governo Lula das intempéries políticas, o deputado Ricardo Berzoini (SP), candidato do Campo Majoritário à presidência do PT, diz que até agora não há "nenhuma prova" de corrupção no partido e no Planalto. Ex- ministro do Trabalho e da Previdência, Berzoini dá estocadas na oposição, afirma que o esquema de financiamento sob suspeita pode ter sido inventado pelo PSDB ou PFL e garante que o PT não tem pressa em punir os dirigentes envolvidos no escândalo. Apesar de ser candidato do Campo Majoritário, Berzoini admite que a tendência, como bloco monolítico, acabou. "É bom que seja assim", constata.

Por que o filiado do PT deve votar no sr. e não no candidato da esquerda?

A eleição é importante porque interfere também na relação com o governo. O Campo Majoritário não é mais majoritário, mas é o centro de gravidade necessário para liderar o partido. Todos somos de esquerda: a diferença é a visão da conjuntura.

Qual deve ser a posição do PT em relação ao governo Lula?

De reconhecimento mútuo, do governo e do PT, de que o papel de um não se confunde com o do outro. Agora, não se pode esquecer que haverá um enfrentamento político, em 2006. Ensaiar um diálogo que pareça mais de oposição do que de situação é jogar água no moinho dos adversários. A direção do PT precisa ter autonomia, mas também determinação para ajudar na vitória de Lula, em 2006.

Tudo indica que nenhuma facção terá maioria isolada. O presidente do PT não corre o risco de ser uma rainha da Inglaterra por não conseguir administrar o partido?

Não só com maioria numérica é possível administrar o PT. Não vejo dificuldade em construir maioria a partir do debate político. Acho até desejável que não haja um bloco monolítico.

Se Lula for candidato à reeleição, o que deve mudar no programa de 2002 e executado até aqui?

A diferença é que o governo já terá administrado 4 anos, realizado parte do seu programa e enfrentado as contradições. Teremos uma candidatura com experiência administrativa concreta. Se Lula for reeleito, o segundo governo será muito melhor na área econômica.

O PT vive sua maior crise. Como sair dela e punir os culpados?

Não excluo a possibilidade de ter havido algo, mas não há prova de corrupção. Temos denúncias. Fantasias da oposição são desmontadas pelos depoentes nas CPIs. O PT entende que a crise decorre do sistema de financiamento partidário que nada tem a ver com a nossa história e não foi decidido por nenhuma instância interna. Todos os que participaram desse tipo de financiamento - inventado talvez pelo PSDB, talvez pelo PFL e por Marcos Valério - serão punidos. Mas sem pressa. Vamos esperar o fim das CPIs.