Título: Quatro deputados desistem de ir para o PSOL
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Nacional, p. A10

O pragmatismo eleitoral evitou uma sangria maior do PT. Quatro deputados que anunciaram a saída do partido e a possível migração para o PSOL fizeram as contas e desisitiram. Walter Pinheiro (BA), Nazareno Fonteles (PI), Mauro Passos (SC) e Doutor Rosinha (PR) acharam a alternativa ¿ o PSOL ¿ difícil de administrar. Ontem, já davam como certa a permanência no PT. O quinto deputado, Paulo Rubem Santiago (PE), ainda não conseguiu definir se sai ou fica no PT.

A decisão deve ficar para hoje. Santiago classifica o PSOL como uma ¿incógnita programática¿ e ainda espera que a esquerda consiga espaço para eleger Raul Pont à presidência.

¿Acho que para ir para o PSOL e ficar divergindo lá é melhor divergir no PT¿, disse Pinheiro, explicando que tem muitas diferenças com o partido da senadora Heloísa Helena (AL). Os que decidiram permanecer afirmam que vão ficar ¿em dissidência¿, ou seja, não necessariamente vão votar de acordo com o governo.

O tamanho do partido também pesou na decisão dos deputados. Pinheiro é o parlamentar com mais votos na Bahia. No PSOL, poderia ter dificuldades.

Mesmo assim os deputados federais Maninha (DF), Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP) anunciaram ontem sua desfiliação do PT e a transferência para o PSOL. Os três se unem a João Alfredo (CE) e Orlando Fantazzini (SP), que já haviam anunciado a saída no final de semana. ¿É a decisão mais difícil da minha vida¿, confessou Chico Alencar. ¿Estou saindo do PT para continuar petista, imagina a ironia.¿

Os três deputados assinam a filiação ao PSOL na sexta-feira, último prazo para que possam concorrer no ano que vem. ¿É um pouco como um casamento. Continuamos apaixonados, mas as brigas são tão freqüentes que a separação se torna inevitável¿, disse Maninha. Os que saíram certamente terão problemas para se eleger.

Ivan Valente teve 110 mil votos na última eleição em São Paulo, mas foi ajudado pela quantidade de votos do PT. Um deputado, para ser eleito por si só no Estado precisa de 300 mil votos. ¿Sabemos que vai ser difícil, mas pelo menos ninguém pode nos acusar de oportunismo eleitoral¿, disse Valente.

Os novos parlamentares do PSOL também poderão ter dificuldades no novo partido. Eles defendem uma postura crítica do governo, mas não querem que o PT se transforme no ¿inimigo número um¿, posição contrária à que têm hoje os deputados do PSOL, que foram expulsos do PT.

¿Vamos ter uma postura crítica, mas também não podemos nos colocar como uma força auxiliar da direita¿, disse Valente.