Título: Superávit primário se mantém acima da meta
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

Saldo positivo das receitas e despesas chegou a R$ 78,93 bilhões, 31% acima dos R$ 60,18 bilhões previstos

O superávit primário de R$ 78,93 bilhões de janeiro a agosto deste ano pelo setor público consolidado - que reúne União, Estados, municípios e empresas estatais - já ultrapassou em cerca de 31% a meta estabelecida para agosto. Essa meta era de R$ 60,18 bilhões. O governo também praticamente já atingiu a meta de R$ 83,85 bilhões de superávit (diferença entre receitas e despesas do governo, sem contar juros) estabelecida para todo o ano, faltando hoje apenas R$ 4,9 bilhões para ser alcançada.

"A meta estabelecida para o final do ano está praticamente garantida, muito embora será necessária a vigilância no último trimestre por causa do aumento de gastos no período", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

Em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), o superávit acumulado pelo setor público, de 6,26%, também já ultrapassou a meta estabelecida para o ano, que é de 4,25%. No período de 12 meses encerrados em agosto, o superávit primário está em R$ 96,3 bilhões, o que corresponde a 5,1% do PIB.

Apesar de o porcentual estar muito acima da meta fixada pelo governo, Lopes ponderou que ele tende a se reduzir até o final do ano porque os gastos públicos acabam aumentando no último trimestre. "Nos últimos três meses, são esperados aumentos de dispêndios", afirmou Lopes.

Esses gastos são mais fortes no fim do ano por causa da concentração de férias de servidores públicos e do pagamento do décimo-terceiro salário do funcionalismo, o que leva os governos a terem uma folha de salário dobrada.

Há, ainda, a duplicação das despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que também paga décimo-terceiro a aposentados e pensionistas da Previdência Social.

AGOSTO

Somente no mês passado, o superávit nas contas públicas foi de R$ 10,18 bilhões, ante os R$ 10,9 bilhões verificados em agosto de 2004. O governo federal foi o que mais contribuiu para esse superávit no mês, fazendo uma economia de R$ 7,33 bilhões, ante R$ 6,36 bilhões em agosto do ano passado.

Já as empresas estatais reduziram o superávit para R$ 3,2 bilhões, dos R$ 5,5 bilhões alcançado no mesmo mês do ano passado. Segundo Altamir Lopes, esse recuo não preocupa o governo, já que na evolução do ano o superávit acumulado dessas empresas está bastante satisfatório.

Nos oito meses deste , o saldo positivo nas contas das empresas estatais é de R$ 11 bilhões, ante R$ 7,1 bilhões do mesmo período do ano passado.