Título: Dívida vai cair, promete Palocci
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

Pela primeira vez, queda será num ano eleitoral, diz ministro

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que, em 2006, "pela primeira vez em anos recentes, o Brasil reduzirá sua dívida pública durante um ano eleitoral". A afirmação, feita no almoço de encerramento da conferência anual da Câmara de Comércio Brasileira-Americana, foi usada pelo ministro para para ilustrar o que descreveu como o ingresso do num período de "maturidade econômica e crescimento de longo prazo" alcançada graças à "consolidação do controle da inflação e da responsabilidade fiscal, que felizmente deixou de ser uma preocupação do governo e é hoje uma preocupação permanente da sociedade brasileira". Falando a uma platéia de executivos que vêem nele uma âncora de estabilidade, Palocci mencionou só uma vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na fala de mais de 20 minutos.

Elogiado pelo secretário do Tesouro, John Snow (ler mais na página B3), que falou a seguir, Palocci evitou reivindicar o crédito pelas boas notícias econômicas que o Brasil vem apresentando exclusivamente à administração petista. Em vez disso, compartilhou-a com o governo FHC, dizendo que os bons resultados de hoje devem-se não só à política do governo Lula mas também às reformas iniciadas "nos últimos anos".

Palocci valorizou o papel da imprensa na opção da sociedade pela estabilidade. "A imprensa brasileira, as lideranças do País e os agentes econômicos passaram a ser extremanete vigilantes no que diz respeito ao controle da inflação e à responsabilidade fiscal, corrigindo uma longa história de equívocos que o Brasil fez no passado."

Ele disse ainda que, assim como as dificuldades políticas do momento não alteraram o curso da econômica, não teme uma mudança de curso da política econômica na campanha eleitoral e depois do pleito de outubro de 2006. "A sociedade brasileira não aceita mais comportamento leniente em relação à inflação ou no plano fiscal. A sociedade verificou que o controle da inflação vai diretamente em benefício do bolso do trabalhador." Palocci afirmou que a economia brasileira está hoje "muito mais musculosa e preparada para passar por períodos onde dificuldades em outras áreas possam ocorrer".

Indagado se para conseguir a redução da dívida pública em 2006 o governo vai elevar a meta de superávit primário, Palocci respondeu que não, e que o governo continua trabalhando com a meta de 4,25% do PIB de superávit para 2006. "Acho que o mix de políticas que estão colocadas está mostrando que nesta combinação que existe hoje, nos planos fiscal e monetário, é possível suprir esse objetivo com uma meta de superávit que temos hoje." Segundo ele, no ano como um todo, apesar de a meta continuar em 4,25% do PIB, o superávit primário final poderá ser um pouco maior.