Título: Maluf sai da cadeia para Incor, mas exame descarta enfarte
Autor: Fabiano Rampazzo e Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Nacional, p. A12

Na prisão federal, Paulo Maluf queixou-se de dores no peito. Ontem cedo, o ex-prefeito foi removido para o Instituto do Coração (Incor) onde o submeteram a um cateterismo que "evidenciou artérias coronárias dilatadas e tortuosas". O exame descartou a ocorrência de enfarte no miocárdio. A previsão é que Maluf retorne à Custódia da Polícia Federal até amanhã. Os exames diagnosticaram que ele tem uma úlcera. Hoje, será submetido a exames gástricos. Se houver necessidade de internação, Maluf poderá ser removido para hospital penitenciário.

Ontem, a procuradora da República Ana Mara de Sordi manifestou-se contra a revogação da prisão de Maluf. A juíza Silvia Rocha, que mandou prender o ex-prefeito e seu filho mais velho, Flávio, vai decidir se mantém os dois acusados na PF. A defesa informou que, se mantida a prisão, pedirá domiciliar para o ex-prefeito.

Preso desde o dia 10, sob acusação de crime contra o sistema financeiro (evasão fiscal), lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha, Maluf chegou por volta de 11 horas ao Incor, escoltado por dois agentes federais. Duas horas depois, fez o cateterismo, que durou cerca de meia hora.

Relatório da PF mostra que Maluf começou a reclamar de dores na noite de segunda-feira. Primeiro, um médico da corporação foi chamado, depois o médico particular do recluso, Roberto Kalil, cardiologista. Maluf passou por um monitoramento com eletrocardiograma móvel que não constatou enfarte, mas "pequena alteração". A remoção do ex-prefeito seguiu as imposições de provimento da Corregedoria da Justiça Federal, que autoriza e recomenda a transferência do preso, em caso de emergência, para hospital público.

Após os exames, Maluf foi levado para o 4º andar do Incor, na Unidade Coronariana, no quarto 4024. Ao menos seis funcionários, com rádios e celulares, acompanharam a família - que ficou em uma sala reservada. Visitas de outros pacientes se queixaram da presença dos seguranças dos Maluf e da quebra da regra de uma pessoa por vez no quarto de cada paciente .

Duas pessoas trajando colete preto ficaram em frente ao quarto de Maluf - os visitantes ficaram na dúvida se eram agentes federais ou seguranças da família. Maluf recebeu ao menos oito familiares, entre filhas, netos e a mulher, Sylvia.