Título: Telebrás poderia ser ressuscitada pelo Planalto
Autor: Ethevaldo Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Nacional, p. A14

O projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB)suscita reações contraditórias entre os especialistas. No governo, ninguém quer falar sobre alguns pontos mais delicados do projeto, como o da operação do sistema. Esse é o grande mistério. Para tanto, o Brasil teria que criar uma empresa estatal com perfil bastante complexo e diversificado, não apenas para cuidar das telecomunicações civis, comunicações militares e aeronáuticas e vigilância da Amazônia, além de atividades de meteorologia e atividades científicas.

Em fins de 2003, surgiu o plano de ressuscitar a Telebrás, com apoio entusiástico do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, de políticos da base de sustentação do governo Lula, de sindicalistas e de todos os que combateram a privatização das telecomunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Outra questão difícil é justificar investimentos superiores a US$ 1,5 bilhão diante da oferta e da disponibilidade cada dia maiores de serviços de telecomunicações e de satélites privados - brasileiros e internacionais.

Na verdade, o País já atende plenamente à demanda de telecomunicações das áreas governamentais.

No tocante às áreas militares e de segurança nacional, o País tem contado, até aqui, com a banda X dos satélites da Embratel, hoje operados por sua subsidiária, Star One.

Até recentemente, o SGB contava com o apoio ostensivo do ex-ministro José Dirceu, especialmente quanto à reativação da Telebrás.

Embora sem patrimônio, a antiga estatal das telecomunicações não foi extinta, permanecendo como uma mera personalidade jurídica nas gavetas de Brasília.