Título: Reunião do MST com governo fica sem acordo
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Nacional, p. A15

Terminou sem acordo a reunião realizada ontem entre representantes do governo e do MST no Planalto. Com a presença de três ministros, a reunião tinha sido convocada para que os sem-terra apresentassem as reivindicações que deram origem à série de ocupações, marchas e protestos da Jornada Nacional de Lutas, chamada de setembro vermelho. Dependendo do que ouvisse, o MST poderia suspender a jornada. Mas não foi o que aconteceu. O porta-voz da direção nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, deixou a reunião dizendo que as ações dos sem-terra vão continuar. "O governo ouviu nossas preocupações, mas apresentou propostas muito genéricas, nada de concreto", reclamou. "Por isso reafirmamos que as sedes do Incra nos Estados continuam ocupadas. Enquanto não houver o atendimento às reivindicações, não vai haver suspensão de mobilização."

Participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, e do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Também estava presente o presidente do Incra, Rolf Hackbart.

Rodrigues disse que outro encontro pode ocorrer a qualquer hora. "Queremos negociar", afirmou. "Não seria bom para o governo nem para a reforma agrária sairmos daqui sem uma resposta convincente para nossa base." Ele também aventou a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentar outras propostas na visita que fará hoje a um assentamento na Bahia. "Contamos com isso."

O Ministério do Desenvolvimento Agrário divulgou nota após o encontro afirmando que as ocupações de sedes do Incra prejudicam a execução da reforma agrária. Também informou que o Incra encaminhou pedidos de reintegração de posse dos prédios ocupados.

GREVE DE FOME

Em Cabrobó, Pernambuco, o bispo Luiz Flávio Cappio manteve pelo segundo dia a greve de fome que iniciou para protestar contra o projeto de transposição do Rio São Francisco. Ele só toma água, segundo seus acompanhantes. A Comissão Pastoral da Terra e o bispo d. Pedro Casaldáliga enviaram mensagens de apoio ao bispo.